The Ginger Bookworm


Chove na rua e é Inverno. Desço as escadas descalça, pés frios na madeira fria, gelo que sobe pelas pernas e contamina o resto do corpo. O cheiro da lareira da noite passada ainda está dentro de casa. Cheira a Natal. Calço as botas até aos joelhos e os meus passos tornam-se pesados.

Na sala, as cinzas descansam na tijoleira cor de laranja com fendas negras. A televisão está apagada e a casa está em silêncio. Eu estou em silêncio. E gosto de ouvi-lo, assim, pacífico, sem nada que me atormente.

Vai ser um dia bonito com chuva. Saio de casa com as chaves do carro na mão, a pensar em nada, a cantarolar uma letra esquecida de uma música da minha adolescência.

Fecho a porta de casa, som seco a bater e a cessar. Quando entro no carro, procuro a estação de rádio mais interessante. Difícil e quase impossível. O caminho todo a percorrer todas elas mais do que uma vez até desistir e decidir desligá-la. Enquanto a tarefa mais complicada do dia for esta, é sinal de que somos uns felizardos do caraças e não há preocupações maiores.

Este não é um livro de auto-ajuda, nem de clichês sobre seguir os nossos sonhos.

É um conjunto de dicas que podemos seguir, de cenários possíveis de acontecer e de formas de reagir às diversas fases do salto, do percurso a correr antes, durante e depois de dar esse salto. É um aglomerado de histórias distintas, mas que têm uma conclusão comum - independentemente das dificuldades inerentes ao processo e, tenha corrido bem ou menos bem, todos os que seguiram a voz interior e não a calaram não se arrependeram de tê-lo feito. Hoje, são homens e mulheres que se sentem felizes na vida que levam e sentem que a sua vida teve o seu propósito - aquele para o qual sentem que foram chamados por essa vozinha. E todos temos essa voz, não é verdade?

Mike, o autor, conta-nos também a sua louca aventura (há que saber distinguir loucura de estupidez), ao longo dos anos e pelo mundo, que fez de si um homem realizado e feliz. Trabalho e sacrifícios todos temos e fazemos, mas quando é em prol de um bem maior, não nos custa tanto como aparenta nos planos iniciais. Tudo é recompensador e gratificante quando damos ao mundo aquilo que ele nos pede para lhe dar.

  • Disponíveis na Bertrand: Quando dar o salto
  • Disponível na Wook: Quando dar o salto
Nota: Este blogue é afiliado da Bertrand e da Wook. Assim, ao adquirirem obras através dos links disponibilizados, estão a contribuir para o seu crescimento literário. Obrigada! Bem-Vos-Quero 🌼📚

sou aquilo que o mundo me deu
quando no mundo o mundo me pôs.

sou isso tudo e sou o agora.
sou um mundo dentro de outro mundo
acompanhada por outros mundos infinitos.

sou indefinível
mas não sou infinita,
embora tenha uma pequena curiosidade em sê-lo.

Foste a melhor pessoa que conheci na família. Um coração tão bom, uma alma tão límpida. Sei que poderia contar contigo se estivesses aqui. Mas não estás. E estás! E que pena para o mundo ter perdido uma pessoa como tu! Humilde, avó! Tu!
Fiquei branca como cal quando soube que não veria mais os teus olhos onde cabia o sorriso do mundo; sem fôlego quando pensei que nunca mais ouviria a tua voz, doce e ternurenta, capaz de mover mentes para outras realidades; murcha, sem vida, quando percebi que já não havias tu, que já não havia avó. E tanta falta que me fazes, tanta falta que me faz um coração como o teu.
Certamente, compreenderias o peso que sinto dentro de mim, como sempre conseguias entender.

Quando comprei este livro, estava longe de imaginar a quantidade de informação sobre escrita de comédia que ele contém. Apesar de admirar o trabalho do Ricardo, fiquei surpreendida por, em tão poucas palavras (porque o livro é relativamente pequeno), haver tamanha transmissão de conhecimentos teóricos demonstrados com exemplos práticos de uma forma excepcional.

RAP consegue dar-nos tanto com tão pouco. A variedade de obras (literárias, cinematográficas, entre outras) que ele nos expõe para justificar e englobar premissas e observações ditas pelos grandes nomes da Filosofia e outras áreas relevantes é estrondosa.

É um livro para reler e para sublinhar, para reter sucintamente os pontos fundamentais a memorizar que podem ser eventualmente úteis a quem queira escrever comédia ou mesmo a quem tenha apenas curiosidade e sede de conhecimento pelo trabalho que está por trás desse dom/talento que só alguns parecem possuir e que é dos mais belos neste mundo, que é conseguir fazer alguém rir (quantos mais «alguém», melhor).

  • Disponíveis na Bertrand: «A doença, o sofrimento e a morte entram num bar»
  • Disponível na Wook: «A doença, o sofrimento e a morte entram num bar»
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As crónicas mais bonitas que podemos ler sobre a vida de José Luís Peixoto.

Um conjunto de histórias ternurentas, outras tristes e trágicas, outras engraçadas, mas que despertam a nostalgia também no leitor. As palavras e a proximidade com que Peixoto nos conta pedaços  da sua vida, faz-nos criar um tipo de laço de afecto indirecto. Acredito que isto acontece mais facilmente com os leitores da sua geração ou com os naturais do Alentejo devido aos cenários e aos locais descritos com tanto amor e recordados com tanto carinho.

A infância de Peixoto passou-se lá em baixo, nas belas paisagens de Galveias. Depois Coimbra e Lisboa. E as suas viagens.

Todo o livro cheira a ternura, amizade e amor.
Todo o livro sabe a genuinidade.
Todo o livro é bonito.

  • Disponíveis na Bertrand: Abraço
  • Disponível na Wook: Abraço
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Do mesmo autor de «Não Há Longe Nem Distância», esta obra retrata a história de Fernão Capelo Gaivota, uma gaivota diferente de todas as outras do seu bando.

Fernão tem um sonho e um propósito maior na sua vida do que apenas lutar diariamente pelo pouco alimento que lhe engana a fome... Voar! Aprender a voar e a fazer todas as acrobacias aéreas que poderiam existir! Não é um sonho tão bonito para uma gaivota?

No entanto, ao longo do seu caminho e da sua luta, depara-se com a cegueira, com a resistência à mudança presente no seu grupo de gaivotas. Aquilo que se apresenta como saindo dos limites do comum é rejeitado por todos como sendo anormal, arriscado, impensável. Depois da sua insistência em manter-se fiel a si mesmo, Fernão vê-se obrigado a afastar-se de tudo e de todos.

Com todas as adversidades que aparecem no seu percurso, consegue, com o passar do tempo, alcançar o seu fim e fazer ver que a vida não é só procurar e guerrear por pedaços de peixe, que ser gaivota é ser muito mais do que isso. É ter asas e poder voar. É saber e continuar a aprender a voar!

  • Disponíveis na Bertrand: A História de Fernão Capelo Gaivota
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Obra já com 24 anos, publicada em 1995, mas actual.
Saramago retrata um acontecimento catastrófico e as suas consequências hediondas.

A cegueira branca que, sem motivo conhecido atinge toda a população mundial e o que daí advém, tendo em conta a natureza humana cada vez mais egocêntrica e narcisista. O número de casos vai surgindo gradualmente, sem se perceber a forma de contágio, até que aumenta exponencialmente e atinge o mundo inteiro. Um mundo de cegos. O mundo onde todos os olhos vêem o mesmo branco aterrador. Excepto uma pessoa. Quem? Como? Porquê? São perguntas que nos acompanham até à última página do livro.

Tudo o que aqui sucede é descrito com uma clareza que assusta. Uma verdade possível se algo semelhante de facto acontecesse. A violência, a discriminação, os suicídios, as mil mortes. Tudo escrito nestas páginas, nu e cru. Duro de ler. Ainda mais duro se torna por percebermos que o contexto e a situação pode mudar-nos de forma terrível e radical. Fazemos tudo para proteger quem nos é querido. A tragédia torna-nos selvagens e a procura dos meios para sobreviver revela a incapacidade de vivermos em harmonia.

  • Disponíveis na Bertrand: Ensaio sobre a Cegueira
  • Disponível na Wook: Ensaio sobre a Cegueira
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Presumo que seja bom sentir saudade. Significa que valeu a pena! Significa que aquilo que vivemos em tempos ficou escrito nas nossas memórias e pintado nos nossos corações… mas, caramba, tem a felicidade de ser tão dolorosa?
É fantástico ser feliz! É fantástico vivermos felizes com pessoas felizes! Mas quando perdemos as pessoas da nossa felicidade, tudo morre para nós. Percebemos que o que conta na vida são mesmo os momentos em que sentimos o amor. Damos conta que nada nem ninguém é eterno! E nasce uma súbita tristeza que não sabemos apagar! Perguntamos ao cosmos porque é que não nascemos nós ensinados a dar mais valor e a amar mais e a perdoar mais, porque não são só os erros que permanecem. As pessoas que os cometeram e que, simultaneamente, amamos também esperam pelo nosso perdão. Também o amor espera por nós! E se, por teimosia, orgulho ou outra coisa qualquer, sem saber que nome lhe chamar, não perdoamos, então seremos nós quem está a errar sem saber. Será mais tarde que nos aperceberemos deste nosso erro fatal!
E como se engana a saudade eterna? (Sim, enganar! Porque matar definitivamente não se consegue).
Eu engano a Saudade a escrever para ti, como se um dia me fosses ler!


Demos passos na rua. Voltámos a repetir as sequências inconscientes de pegadas no alcatrão derretido da estrada. Tentámos recuperar histórias enterradas pelo peso do tempo. Descobrimos que o tempo é a ideia abstracta mais pesada que ataca a memória das pessoas, sem avisar, levando-as consigo e transportando-as para o esquecimento.

Voltámos para casa.
Rasgámos o papel de parede e riscámos o chão. Encontrámos o pisa-papéis dentro do baú, castanho e velho, que descansava no terceiro canto do lar. Abrimos a janela e colocámo-lo no parapeito para apanhar ar fresco e sol.
O tempo vinha e matava. O tempo vinha e fecundava.
Demos passos na casa. Demos passeios no jardim. Da relva via-se a janela do escritório aberta. Não podíamos vender a casa! Era de família. Fazia parte da família. Estava lá a nossa história.

Fechámos a janela. Fomos embora com saudades dos tempos que não vivemos.
Chorámos.
Demos passos na rua.

Se a poesia nasce no coração, abre o teu peito para o papel. Deixa voar o que há em ti para as linhas ainda em branco e dá ao mundo a brisa rara das palavras que ele tanto precisa para respirar. Dá voz aos que estão calados, nas estantes, grita-lhes o seu nome, clama os seus versos incansavelmente até te faltar o ar no sangue. Lê, em voz alta, aqueles que te inspiram. Mais alto. Mais alto! Tens medo de quê? A poesia só te faz bem!
Se a poesia nasce no coração, abre o teu peito para o papel. Mas abre-o mesmo! Não tenhas medo de vozes, nem de pensamentos alheios. O que é alheio é lá com eles e tu não lhes pertences. Tu pertences a ti e ao teu mundo! Lê, escreve, reescreve, grita até, mas não deixes a poesia morrer. Não deixes os versos caírem no poço do esquecimento! Eles foram escritos para serem lidos, questionados, compreendidos, mas não para serem esquecidos!
Abre o teu peito e deixa-o sentir-se livre e confiante na pureza das folhas de papel. Não deixes, por favor, a poesia morrer!



Outro fim. Outro princípio.

Nesta despedida, que é diferente, mas igualmente dolorosa, levo as minhas "Marias" e os meus "Manéis" no meu coração. Da Piscina, do Pilates, da Clínica e dos Lares.
Acabamos sempre por criar laços bem fortes, entrelaçados com a força do vento e do mar, que já não se quebram. E é tão bom. É tão bom ser uma humana a trabalhar com pessoas. Pessoas bonitas, com uma alma bonita.
Aprendi com todas elas. Coisas boas, coisas más, coisas assim-assim.
Aprendi ainda mais sobre o sofrimento alheio, como entendê-lo, aceitá-lo e como tentar reduzi-lo das mais variadas formas.
Aprendi sobretudo a fazer rir! Rir, o melhor remédio, dizem! E, às vezes, é-o mesmo, porque nem sempre se pode fazer muito mais. Por vezes, é preciso esperar e, enquanto se espera, movemos os nossos rostos de uma forma mágica e maravilhosa que desenha, que esculpe, que pinta um riso, uma gargalhada espontânea, daquelas que saem mesmo das entranhas. Daquelas mesmo boas, sabem?
Nem sempre é assim tão bonito, nem tão fácil. Na maior parte das vezes, é duro, muito duro. E rir é a última coisa que lhes apetece fazer. E, por isso, aprendi também a não fazer rir. A respeitar tempos.
Aprendi a rir da dor e com a dor.
(A)Prendi a dor. Conheço-a, mas não a sei de cor, nem a sei expulsar dos caminhos.
Aprendi a pousar a bata no cabide e a deixar as coisas do trabalho, dentro do bolso da bata. Mais tarde, aprendi que na verdade não consigo fazê-lo. Levo emoções, aprendizagens e pensamentos comigo para todo o lado. Levo memórias, boas e menos boas, mas que fazem parte do quotidiano.
Aprendi que alguns de nós somos mesmo muito parecidos. Teci um carinho e uma amizade muito especial por cada um deles, mesmo sendo tantos e tão diferentes.
Aprendi a ver o mar todos os dias depois de sair do trabalho. Aprendi a deixar que o mar me acalme da azáfama interior.
Aprendi mais um bocadinho do quão complexo e bonito é o ser humano, por dentro e por fora.
Relembrei que estarei eternamente, todos os dias, a aprender. Nunca saberemos tudo, mas lutamos cada dia contra isso, para saber mais. É um clichê, mas é verdade.
Relembrei o quão bonita é esta profissão, tão mal tratada e rebaixada, por vezes.
Relembrei que ser Fisioterapeuta é (aprender a) ser humano!
Nunca é um adeus. É sempre um até já.
Com carinho,
Da Carolina

Admiro tremendamente o silêncio, o sol posto atrás do mar, as nuvens a dançar, o marulhar e o chilrear das gaivotas.

Admiro tremendamente o sentimento de estar só, só com a Mãe Terra, Natureza, a ouvir o seu bater do coração e os seus sussurros que passam com o vento e os seus murmúrios que vêm com a chuva para os meus ouvidos.

Admiro tremendamente  sentir cada grão de areia dourada entre os meus dedos dos pés e das mãos, sentir a espuma de uma onda do mar salgado e gelado, acabada de rebentar, que sobe pela areia, beijando-me a pele delicadamente.

Admiro tremendamente a relva, a terra e as ervas que me fazem cócegas nos tornozelos e cafuné nos cabelos quando me deito em toalhas finas no campo.

Admiro tremendamente o silêncio.
Admiro tremendamente estar só.
Serei normal?

Admiro tremendamente a Mãe Terra.
E assim sou feliz.


Guardava a sua dor para si e sentia também a dor dos outros. A dor. Respirá-la! Deixá-la entrar nos seus pulmões e permitir que tomasse conta do seu coração.
Cansou-se de se preocupar consigo. Desistiu de si!
Vivia com a melancolia da vida em cima dos seus ombros. Com o peso do mundo no seu rosto. Todo o ruído da cidade o escurecia. Tornava-o cada vez mais exausto e empurrava-o para a sombra. Havia anos que colhia a dor do mundo e escondia a sua fragilidade nas entranhas. Aparentava felicidade que não possuía e deixava as lágrimas quentes para a noite solitária. 

Perdera toda a esperança. 
Agora, deixa-se envelhecer com o tempo. Esquece o passado, respira o presente e ignora o futuro.
Fixei-o. Tinha a tristeza nos olhos! 
Como tratar uma alma assim, tão só, tão apertada de sofrimento?
Um abraço não chega. Nunca chega. Ajuda, mas não chega! 
Há coisas que não se curam com um abraço e todos o sabemos! É um gesto tão bonito e tão poderoso! Quem o recebe sente uma vontade de continuar, por momentos... mas, por vezes, rapidamente se desvanece com a tomada de consciência da realidade. E, nessas horas, deseja-se a inconsciência! Quem o dá, sente, muitas vezes, que é insuficiente e não sabe o que mais fazer para ver um sorriso honesto. Quem o dá sente-se tantas vezes impotente! 

Há situações em que não podemos dar muito mais do que um abraço! Acredito (quero muito continuar a acreditar) que esse abraço seja reconfortante e sentido com todo o coração, porque apesar de tudo não deixa de ser um abraço e não deixa de ter um pedacinho meu lá dentro! E nesses dias, um abraço é melhor do que nada, um abraço pode ser o melhor que esse alguém recebeu nos últimos tempos.


A angústia é viciante, sabiam?
Após aquelas duas tentativas de sair deste mundo, sem sucesso, sinto-me a coisa mais inútil à face da terra. Nem deixar de viver consigo!
Esteve aqui a pessoa mais importante para mim e eu não fui capaz de lhe falar. Só olhei para aqueles olhos aflitos e assustados e deixei-me chorar à sua frente. A minha fraqueza tinha acabado de acordar diante dos seus olhos. Mas eu já não conseguia mais. Já tinha feito o que tinha a fazer e já tinha amado o que me fora dado para amar... e foi mais do que suficiente. Eu é que fui fraca. Não consegui dizer nada. A minha voz tinha desaparecido e uma tosse seca e sem fim tomava conta de mim. Sentia-me a morrer, mas a minha vida insistia em ficar comigo! Ela deu-me a mão e contou-me a sua história. Esperava que eu a ouvisse e que não me sentisse mais sozinha. E não senti. Mas há coisas que sinto dentro de mim que não consigo explicar de maneira nenhuma. Aquela criação de ainda mais laços e toda aquela intimidade nua e crua, ali, naquele quarto de hospital, fez-me ver a verdadeira pessoa que ali estava. Alguém como eu. Alguém com sonhos apagados e realidades acesas na mente. Alguém que havia estado no mesmo lugar que eu, por motivos completamente diferentes, mas de estranha semelhança no modo de lidar com conflitos. A diferença é que ela era uma pessoa incrivelmente mais forte e determinada do que eu. Ela mereceu passar por cima de tudo e conseguir continuar. Mereceu cada instante de felicidade que lhe foi proporcionado depois. É uma mulher. Uma grande mulher! Mas eu sou pequena.

*fictício

Todos ali a enganar o engano. A dizerem adeus aos que sabiam não voltar, com um sorriso, disfarçando a angústia das entranhas. Cada bomba lançada deixava a morte atrás de si. Cada som aterrador a romper a terra com a força do vento era como menos um dia de vida em cada um deles. Era menos uma esperança, menos um sorriso, menos fé, menos vida a cada dia que passava. Todo aquele pesadelo tornava a fome um mal menor.

Chegaram dias em que o sol era um estranho. Chegaram noites em que o silêncio era uma bênção. E como o hábito faz o monge não tardou que aquele ar, respirado por toda a cidade vezes sem conta, saturado de medos e desabafos, se tornasse num veneno cujo antídoto se encontrava junto do fim da guerra. Junto ao horizonte, lá longe, quase, quase inalcançável.

Dia 1 de Janeiro de 2015 assisti ao pôr-do-sol.
Já não o fazia há imenso tempo e começar o ano assim fez-me ter calma!
Falei com uma pessoa muito importante para mim que já cá não está há algum tempo e que me faz imensa falta... Pode parecer estúpido, mas faço-o porque a minha avó foi muito importante para mim e simplesmente não consigo acreditar (mesmo depois de tanto tempo) que ela já não está Aqui, Agora.

Desabafei com ela e pedi-lhe para que as coisas más morressem!

Subi ao terraço da casa do meu padrinho e fiquei ali, sozinha, no silêncio, no frio, com os cabelos ondulados a dançar com o vento triste. Olhei para o mar, para o horizonte, para o céu. Havia tons de lilás a molharem-se na água salgada, como se o céu fosse uma aguarela. O sol estava cor-de-rosa. Ouvi o ar e o mar e as nuvens e o sol. Senti, falei, chorei, sorri. Tive Saudade. Tenho Saudade. Sinto-me perdida. Quando começo a chorar, não consigo parar.


Porquê tão doloroso o amor?
Por que se sofre tanto por algo que é tão bom?

Anoitecer de Março

Numa tarde de Março, aqui em casa, só a ouvir a Natureza.
Colocar volume no máximo para poder ouvir a vida do início da noite.
Corvos, um pássaro e outro, morcegos. Cães.
A noite a chegar, pé ante pé.

Em resposta ao Projecto da Andreia. Espero que tenham gostado!

Objectiva.

Luz.

A câmara permanecia estática, sem movimento, vibração ou qualquer outro factor que pudesse alterar aquele estado de serenidade, de perfeição na ausência de movimento. Esperava pelos momentos certos, pelos instantes únicos que existem no decorrer do tempo, pelo raio de luz solar que iluminava sublimemente a gota de orvalho cintilante que escorregava da folha verde para o chão, pelo bater compassado das asas de um beija-flor que, tal como o nome permite concluir, voa sobre jardins perfumados, dando beijinhos às princesas do baile primaveril.

Impaciente, a câmara largou um som como um clique e captou uma imagem quase digna de ser chamada perfeita. Nesse instante, toda a essência da (im)possibilidade da futura/passada refeição do camaleão ficara gravada na fotografia. Toda a imagem englobava uma certa complexidade nascida da Natureza, uma esquematização do ecossistema e das interacções entre as espécies. Mas não só o ambiente foi captado. Também a temporalidade da acção permanecera naquela «tela». Não é bem nítida para os que olham apenas. É necessário ver! É aquilo que ajuda algo a ser o que é. Um estado provisório. Está presente em todo o lado, ao mesmo tempo, quase como Deus – omnipresente – mas nunca como ele – Perfeito.

Podemos verificar que o Tempo não é perfeito… por vezes, tem demasiada pressa e comporta-se como uma criança, inclinando-se para o caminho oposto daquele que deveria ser seguido. A pressa traz consigo a imperfeição e, por isso, pedi ao Tempo que tivesse calma, para ser possível a aproximação (embora escassa) à perfeição. E ele, teimoso, insistiu, como sempre, em ter pressa!

Em resposta ao Projecto da Andreia. Espero que tenham gostado!






Ter que ter

Ter que ter.

Ter que ter força, coragem. Principalmente uns grandes pulmões, porque se vai precisar de respirar fundo para não explodir milhares de vezes. É o ar fresco que se vai ter de conseguir engolir para desfazer aquele nó que há na garganta. É a respiração que se vai ter de controlar quando se estiver prestes a cair. São as lágrimas que se vão ter de esconder lá bem no fundo para conseguir fazer parecer tudo tão bonito com aquele sorriso perfeito. As saudações simpáticas. As vozes interiores caladas no mundo e insuportáveis na cabeça.

Temos que fazer aquele esforço de não nos queixarmos porque estamos cansados, chateados, deprimidos, tristes, sem razões para continuar. Temos de fazê-lo pelos outros.Temos de fazer de conta que tudo corre bem e agir como se tudo estivesse bem. Temos de ir às aulas e, nesta altura do campeonato, se não ouvirmos o que se diz, pelo menos tentar fazer parecer que se ouve alguma coisa e que fica tudo muito bem estruturado nos apontamentos do caderno. Fantástico.

Os exames são aqueles papéis que todos adoramos e veneramos. Adoramos a escola, os nossos resultados e o facto de termos de decidir o nosso futuro naquele mês deixa-nos super felizes. Estou a ficar sem carga irónica. Já não sei que mais sarcasmos e família das ironias posso usar aqui... são tantos que não os consigo contar.

Digo que sim, que é giro, que mal posso esperar para ir para a Universidade, que tenho boas expectativas do que possa acontecer, que hei-de gostar, mais tarde ou mais cedo, do curso que pretendo tirar. Também digo que não quero pensar muito antes dos exames porque nunca se sabe o que pode acontecer, que só o tempo dirá. E respondem que faço bem, que devo continuar determinada, manter a calma durante os exames, que tudo se resolverá, que hei-de obter bons resultados e que conseguirei entrar logo na primeira opção.

Se acredito no que digo? Jamais. Mas digo-lhes aquilo que querem ouvir!
Se acredito no que dizem? Não sei. Já nem consigo ouvir o que dizem, pelo menos nestes últimos dois dias. Já só vejo livros, números, letras, livros outra vez, lua, sol, chuva, nuvens, escola, livros, livros, números, papel, papel, papel. Já só cheiro café, água, água, água, café, leite, cama, banho, café, café. Já só ouço eu, a minha cabeça, o relógio, o despertador, o duche, toque para entrar, toque para sair, passe de autocarro, chave na porta de casa, quarto a encher-se de eu e de mim, teorias, teoremas, informações adicionais para os exames nacionais, vozes de fundo em salas de aula que falam de tudo e de nada e alterações de programas pelo Ministério que não lembram ao diabo.

Já deveria saber quem sou.
Parabéns, rapariga alguém! Não consegues definir a tua pessoa. Como conseguirás definir a tua vida?

Em resposta ao Projecto da Andreia.


Este texto foi escrito há 6 anos, na altura dos Exames Nacionais como Prova de Ingresso na Faculdade. Estávamos todos esgotados e a chegar próximo dos limites. Muita pressão e muita ansiedade reinavam naqueles dias.


A ideia de que algo meu fica por aqui, seja lido ou não, é de certa forma libertador, não sei bem explicar porquê.

O que importa realmente é conhecermos várias perspectivas de todos nós, em relação a assuntos variados, mas que, de certa forma, nos tocam a todos. Acho que é cativante «ler pensamentos» de alguém que não conhecemos como achamos que conhecemos e tentar perceber esses pontos de vista.

Existem inúmeras situações do quotidiano dignas de serem contadas e partilhadas. Às vezes, achamos que o mundo devia conhecer determinada pessoa ou determinado acontecimento. E é incrivelmente fascinante ver isto por aqui - «coisas» tão simples, mas que ganham um valor inimaginável quando partilhadas. Detalhes tão perfeitos que não seriam tão perfeitos se os guardássemos só com a nossa pessoa.

A partilha, seja ela de gestos, de palavras, música ou outros gostos, é demasiado importante para ser ignorada. É com a sua ajuda que aprendemos a crescer, a desenvolver a nossa forma de estruturar o pensamento e de sustentar uma opinião.

E é por ter-vos desse lado que faz mais sentido continuar por aqui. É por ter alguém que se interessa em ler, ver, ouvir e sentir o que partilho que tenho um carinho especial pela Blogosfera.

Parabéns, Bem-Me-Quer 🌼
Parabéns, queridos leitores 🌼
Obrigada por tudo!
Bem-Vos-Quero!

À procura dos sorrisos do campo, embrenhada no sangue silvestre.


Mais uma estreia para mim no mundo dos livros em 2019 - Lev Tolstói - que me conquistou rapidamente.

Esta foi uma das obras mais curtas que já li e, no entanto, das mais complexas e mais marcantes.

Ivan Ilitch, personagem principal do enredo, depara-se com uma condição de saúde desconhecida que o deixa à beira do desespero, cada vez mais preocupado com a sua situação de vida.

Visita e consulta vários e prestigiados médicos, em busca de uma resposta e de uma cura, mas vai encontrando cada vez mais dúvidas, de diversa natureza, e uma angústia e melancolia que parecem crescer exponencialmente a cada dia que passa.

Nestes dias cinzentos, que vão escurecendo até chegarem a um negro escuro, escuro, escuro, dá-se assim início a um processo de auto-avaliação e introspecção constante relativamente à (sua) vida e à forma mais correcta de vivê-la, se é que existe (apenas) uma.

Tolstói descreve com uma clareza pura e de forma majestosa as emoções e os sentimentos de Ivan, por vezes contraditórios. Intensamente frio, duro, mas realista. Grandes reflexões que provavelmente todos teremos um dia, caso a morte não nos visite sem nos dar tempo para fazê-lo, embora todo o sofrimento de Ivan dificilmente seja sentido por todos nós.

Disponível na Bertrand: Livro / eBook

Disponível na Wook: Livro / eBook

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Ando há já algum tempo à espera da máquina de escrever do meu avô que está na cave, mas o meu pai nunca mais se lembrou. Eu também não quero estar a chateá-lo… de trabalho está ele cheio.
Decidi começar (se tiver oportunidade) a escrever numa máquina daquelas para organizar os meus textos. Tenho um enorme fascínio por aqueles instrumentos e quando vejo um, lembro-me das vidas que não vivi, das páginas que hei- de escrever e das histórias que nascerão naquele berço. Gosto de escrever à mão. É uma mania! Gosto do cheiro do carvão e da tinta. Do papel. E começar a escrever numa máquina daquelas seria um privilégio, já que escritores e poetisas que tanto admiro escreveram em maravilhas como aquela.
Ora, a vontade de escrever bateu-me nos dedos e lembrei-me da relíquia que me espera. Ou que a espero eu! Foi então que comecei a escrever no computador, enquanto a preciosidade não chegava. Não é que já tenha escrito em máquinas de escrever… não é esse o ponto. Onde quero chegar é que a emoção de ouvir o tilintar das teclas e o raspar da folha de papel deve ser totalmente distinta daquela de quando ouvimos as teclas do computador - barulho muito seco, muito áspero, muito distante.
Parece-me a mim que o som das teclas da máquina de escrever é mais vivo. Mais real. Contudo, não significa que tenha razão!
Chamem-me doida, lunática, antiquada, fora de estilo… enfim, o que quiserem e o que conseguirem para definir a pessoa que acham que conhecem de mim. Mas eu não me importo. Sou assim. Há quem goste e quem não goste. Tenho o infinito prazer de conhecer quem gosta. Façam favor de se apresentar os que não gostam – o prazer é todo vosso!

(Escrito em Março de 2013)


Este ano foi a minha estreia com a leitura de escrita humorística. E devo dizer que iniciei com as escolhas certas. Não poderia ter escolhido melhor do que o nosso Ricardo Araújo Pereira.

Desde o seu amor pela Língua Portuguesa à sua admiração pelo (sor)riso, ou antes pelo que acontece ao rosto de uma pessoa quando a consegue fazer rir, o Ricardo conquistou os meus olhos e o meu cérebro pela sua escrita e pela sua sensibilidade, independentemente daquilo que se transparece para o exterior.

Ao contrário do que a malta do Porto lhe diz, que o seu único defeito é ser do Benfica, digo apenas que o seu único defeito é a mesma característica que o faz ser tão bom no que faz. Pelo que nem sei se o deva considerar um defeito. A baixa auto-estima deve ser esse elixir secreto para ter tamanho talento (juntamente com o trabalho que, decerto, existe simultaneamente).

Nestes livros, conseguimos perceber que o Ricardo abomina realmente o Acordo Ortográfico, quem não sabe escrever em Português, entre outras coisas deveras importantes e que, já agora, também eu abomino.

Que fique bem claro que a inclusão dos seus textos em livros escolares aumentará certamente a qualidade de ensino em Portugal. Especialmente porque há certos e determinados verbos com grande utilidade na vida adulta quotidiana - nomeadamente aquele que serve para indicar o caminho a gente que nos mói a mioleira - mas que não se conjugam em salas de aula e, consequentemente, acabam por ser ditos e escritos de uma forma enxovalhada e que fazem comichão no fundo dos pés de puritanos como nós (peço desculpa ao leitor pela perífrase tão longa e pelo pleonasmo acabado de se fazer).

Boas leituras para vós, gente sem juízo nenhum!


  • Disponíveis na Bertrand: Estar Vivo Aleija /  Reaccionário com Dois Cês
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talvez a vida não signifique nada,
mas já valeu a pena viver
por poder ver-te,
oh, mar, oh, sol,
oh, sol no mar.




No coração da nossa linda cidade do Porto, está a Livraria Lello, casa que recebe pessoas de todo o mundo com a mesma paixão - livros.

Antes de partilhar o que o meu coração sentiu, falemos primeiro um pouco sobre o seu passado e sobre os seus pilares.

Esta casa abriu as suas portas em 1881, pelas mãos dos irmãos Lello, José e António, ainda na Rua do Almada.

Mais tarde, em 1906, o negócio acaba por mudar a sua morada, para a Rua das Carmelitas, onde se localizava a Livraria Chardron, comprada pelos Lello, em 1894. É aqui que está o edifício tal como o conhecemos nos dias de hoje. Grande, com uma arquitectura luxuosa e bem trabalhada, invejável para qualquer amante de Livrarias e Bibliotecas.

Em 2015, decidiu-se introduzir um voucher de desconto em livros com o preço do bilhete da entrada, o que acho que foi uma boa forma de chamar ainda mais gente, especialmente os devoradores de livros. É uma óptima ideia e uma estratégia de aumentar o número de visitantes, mas também uma forma de incentivo à leitura.

Há cerca de 3 anos iniciaram-se obras no estabelecimento para manutenção e restauro de algumas áreas.

Para quem tem um lugar no coração dedicado aos livros, sabe que este lugar mágico não pode deixar de ser visitado. Os que já lá entraram dar-me-ão razão, certamente, pois o ar que se respira quando lá se entra é viciante e já não se quer sair. Os que ainda não entraram, façam o favor de um dia, quando pela Invicta passarem, perderem um pedacinho do vosso tempo com esta visita. Garanto-vos que não sairão arrependidos e quererão voltar.

Lá dentro, senti-me em casa, mesmo rodeada de pessoas desconhecidas. O que importava era o estar rodeada de livros, obras magníficas, em vários idiomas, num lugar com um tecto em gesso pintado, mas camuflado de madeira talhada, com fachadas neogóticas e bustos de figuras importantes na Literatura.

Mais uma Livraria a guardar neste meu coração de Bem-Me-Quer 🌼



fui ao mar
ver-me nascer.

vi só meus pés
a chegarem à espuma
e meu coração
ao horizonte.

nada mais vi.
desmaiei e
minha alma sarou.

«O Velho e o Gato», do antigo professor universitário de Psiquiatria, Nils Uddenberg, uma ternura de livro, junta duas histórias numa só.

Nils, já reformado, e a sua esposa são um casal comum que gosta de viajar pelo mundo. Entre muitas e frequentes idas a Estocolmo, aparece, num dos dias de Inverno, um pequeno animalzinho no seu jardim. Afinal, este doce animal era uma gatinha ainda pequena, doce e ternurenta, que aparentemente procurava abrigo, alimento e o carinho e conforto da companhia humana.

Este livro relata as peripécias, a aventura e o processo de aproximação e adopção da pequena Bichana pelo casal. Nils descreve a sua afeição pela gatinha e a forma como a sua vida muda com esta presença doce e amigável. É incrível e maravilhoso tudo o que pode mudar com apenas umas quatro patas nas nossa vidas. Para os amantes de animais, seja de cães, seja de gatos, é uma história que vale a pena ler e que fará derreter os vossos corações, disso vos garanto!

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A vida está encarregue de mudar quem somos.

Passam as horas, passam os dias.

Aparecem novos desafios, novas propostas, novas oportunidades e tudo aquilo que tínhamos até então de alguma forma planeado ou sentido inverte-se completamente e nós... nós sem saber o que fazer. Ficamos baralhados, confusos, com tudo à flor da pele, sem saber o que aceitar, o que decidir, o que sentir e como (re)agir.

Independentemente da idade que tenhamos, há sempre uma parte de nós que não quer acreditar que uma mudança brusca na nossa realidade pode afectar profundamente a nossa personalidade e os nossos planos futuros. Só assim se prova e se vê que na verdade não controlamos (quase) nada.

Tudo pode mudar numa questão  de segundos e nós temos formas de reagir a estes acontecimentos que nos surpreenderão a nós próprios. Coisas que achávamos não conseguir nunca fazer. Como disse Sartre, não controlamos o que nos acontece, mas podemos controlar como reagir ao que nos acontece. É verdade e é aí que se dá um processo de auto-descoberta tremendo e assustador. São decisões com um peso enorme num futuro.

Acabei de tomar uma decisão assim. E tudo mudou. Farei algo que um dia disse que nunca na vida faria.

Menti? Não. As circunstâncias e o contexto mudaram. Eu mudei.

Se me sinto arrependida e culpada por tê-lo dito? Não, porque nessa altura eu não era a mesma Carolina. Nessa altura, eu fui honesta comigo e com o que nessa altura sentia. E o mesmo acontece hoje. Estou a ser honesta comigo e com o que estou a sentir. Significa que mudei, que cresci de alguma forma, que senti na pele que não devemos mesmo tomar por garantido que NUNCA faremos a coisa X ou a coisa Y. Pode acontecer. Tal como acontece a milhares e milhões de pessoas. Nós somos só mais uma a quem a vida está a acontecer.

Nestas alturas, sofremos muito e podemos fazer sofrer os que nos rodeiam, não de forma propositada, obviamente, mas como consequência de determinadas decisões. E saber que isso pode acontecer faz-nos sofrer ainda mais.

Não temos certezas de nada quando nos dias antes tínhamos certezas de tudo.
É uma explosão de ansiedade, de lágrimas e incertezas que parecem eternas e que não nos deixam repousar.

Não nos sentimos bem connosco, nem com ninguém.
A vontade é desaparecer, dormir para sempre.
A vontade é deixar tudo em suspenso, esquecer tudo e fugir para o céu.
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