Poeira de Guerra


Todos ali a enganar o engano. A dizerem adeus aos que sabiam não voltar, com um sorriso, disfarçando a angústia das entranhas. Cada bomba lançada deixava a morte atrás de si. Cada som aterrador a romper a terra com a força do vento era como menos um dia de vida em cada um deles. Era menos uma esperança, menos um sorriso, menos fé, menos vida a cada dia que passava. Todo aquele pesadelo tornava a fome um mal menor.

Chegaram dias em que o sol era um estranho. Chegaram noites em que o silêncio era uma bênção. E como o hábito faz o monge não tardou que aquele ar, respirado por toda a cidade vezes sem conta, saturado de medos e desabafos, se tornasse num veneno cujo antídoto se encontrava junto do fim da guerra. Junto ao horizonte, lá longe, quase, quase inalcançável.

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