(A)Prendi a Dor




Outro fim. Outro princípio.

Nesta despedida, que é diferente, mas igualmente dolorosa, levo as minhas "Marias" e os meus "Manéis" no meu coração. Da Piscina, do Pilates, da Clínica e dos Lares.
Acabamos sempre por criar laços bem fortes, entrelaçados com a força do vento e do mar, que já não se quebram. E é tão bom. É tão bom ser uma humana a trabalhar com pessoas. Pessoas bonitas, com uma alma bonita.
Aprendi com todas elas. Coisas boas, coisas más, coisas assim-assim.
Aprendi ainda mais sobre o sofrimento alheio, como entendê-lo, aceitá-lo e como tentar reduzi-lo das mais variadas formas.
Aprendi sobretudo a fazer rir! Rir, o melhor remédio, dizem! E, às vezes, é-o mesmo, porque nem sempre se pode fazer muito mais. Por vezes, é preciso esperar e, enquanto se espera, movemos os nossos rostos de uma forma mágica e maravilhosa que desenha, que esculpe, que pinta um riso, uma gargalhada espontânea, daquelas que saem mesmo das entranhas. Daquelas mesmo boas, sabem?
Nem sempre é assim tão bonito, nem tão fácil. Na maior parte das vezes, é duro, muito duro. E rir é a última coisa que lhes apetece fazer. E, por isso, aprendi também a não fazer rir. A respeitar tempos.
Aprendi a rir da dor e com a dor.
(A)Prendi a dor. Conheço-a, mas não a sei de cor, nem a sei expulsar dos caminhos.
Aprendi a pousar a bata no cabide e a deixar as coisas do trabalho, dentro do bolso da bata. Mais tarde, aprendi que na verdade não consigo fazê-lo. Levo emoções, aprendizagens e pensamentos comigo para todo o lado. Levo memórias, boas e menos boas, mas que fazem parte do quotidiano.
Aprendi que alguns de nós somos mesmo muito parecidos. Teci um carinho e uma amizade muito especial por cada um deles, mesmo sendo tantos e tão diferentes.
Aprendi a ver o mar todos os dias depois de sair do trabalho. Aprendi a deixar que o mar me acalme da azáfama interior.
Aprendi mais um bocadinho do quão complexo e bonito é o ser humano, por dentro e por fora.
Relembrei que estarei eternamente, todos os dias, a aprender. Nunca saberemos tudo, mas lutamos cada dia contra isso, para saber mais. É um clichê, mas é verdade.
Relembrei o quão bonita é esta profissão, tão mal tratada e rebaixada, por vezes.
Relembrei que ser Fisioterapeuta é (aprender a) ser humano!
Nunca é um adeus. É sempre um até já.
Com carinho,
Da Carolina

1 Comments

  1. O elo é sempre tão intenso e especial, que custa imenso abraçar esta despedida.
    Estou toda arrepiada, minha querida. Mas tenho a certeza que ficará um pouquinho de ti em cada um deles, assim como os levarás para sempre no coração <3

    ResponderEliminar

Qualquer comentário e questão colocados serão respondidos na própria caixa de comentários.

Obrigada pela tua visita :)