Hoje foi como se estivesse estado dentro de uma bolha. Estava completamente desligada do mundo. Quando dava por mim estava surda para o exterior. Só ouvia o silêncio que não havia. Olhava para o nada e pensava em algo. Algo suficientemente potente para me arrastar para o estado em que estava. Depois do tanto que reflecti, senti uma espécie de paz que me rodeava, como uma bolha... só havia eu. Só havia a minha caneta. Só havia a minha borracha e o meu lápis. Só havia o meu estojo. Só havia os meus livros, os meus cadernos. Só havia a minha mesa. A turma estava lá. Mas não estava. A professora falava, dava matéria. Mas não falava, não dava matéria.
Era como se vivesse sem viver.
Observava tudo detalhadamente sem prestar a mínima atenção à audição. Depois, a certa altura, a visão começou a falhar-me. Via tudo a esvaecer-se, como se tudo se quisesse despedir de mim ou como se o mundo me estivesse a dizer adeus. Não sabia o que se passava. Era tudo tão estranho, tão sem sentido. Mas nem isso me preocupava. Pensei que estava a deixar de viver. Pensei que estava a morrer. Nem isso me preocupava. Deixei de pensar e fiquei apenas ali, a estar com o corpo, a fingir que o corpo é que vive. Não me preocupava.
Há dias em que apetece desaparecer, fugir de tudo e acabar com o que há para acabar.
Há dias em que simplesmente se deixa tudo ser como é, alheios ao que existe e ao que não existe, sem querer saber.
Há dias em que se gasta o tempo como se gasta aquilo que a gente não precisa na vida.
E há dias...
1 Comments
Há dias que parecem sempre um traço indefinido.
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