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Fotografia tirada pelo meu irmão. Ericeira, 2018. |
Adoro viajar. Quero viajar. Muito, muito, muito!
Há uns anos atrás dizia que adorava, antes de conhecer o Mundo, conhecer a Europa e, antes de conhecer a Europa, conhecer Portugal de uma ponta à outra, como a palma da minha mão, por termos um país tão bonito!
Dizia que gostava de um dia me atirar à estrada, à aventura, com a mochila às costas, máquina fotográfica e um bloco de notas. Conhecer as maravilhas lusitanas antes de partir em descoberta de terras estrangeiras. Ter uma espécie de diário gráfico onde registar o que se vê, o que se cheira e o que se come, os costumes e as tradições de cada cantinho. Gravar paisagens e locais paradisíacos que quase ninguém conhece e que recordaremos um dia com nostalgia! Visitar todos os alfarrabistas e mais alguns de todas as regiões... Enfim, levar comigo «portuguesices» e deixar lá «pedacinhos de Carol»!
Hoje, prefiro dar prioridade, assim que tenha essa oportunidade, aos destinos que mais me apelam. Achamos sempre que temos tempo para tudo, apesar de sabermos que não somos eternos. Às vezes, é preciso que a vida nos abra os olhos e nos faça perceber que temos os dias contados e que não somos nós que controlamos isso! Às vezes, é preciso um susto para abrirmos os olhos! E se o susto for apenas isso, um susto, podemos dar-nos como sortudos!
Já dizia António Feio: «Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento, agradeçam e não deixem nada por dizer, nada por fazer.»
Os 184 degraus mais emocionantes que subi até hoje foram os que me levaram até ao topo da Torre da Universidade de Coimbra, a Cabra, chamada assim carinhosamente por nós.
Fiquei, sem dúvida, sem fôlego, mas devido à emoção que a vista e, com ela, todas as memórias que emergiam, traziam e não tanto devido ao cansaço.
Como a cidade não é muito grande, vê-se mesmo muita coisa do topo da nossa Torre tão amada, ex-líbris da cidade. As várias Faculdades, a Biblioteca Geral, as Sés, o Mondego e o Parque Verde, as diversas pontes, os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC, agora CHUC) e até o Fórum. Apesar de ter subido num dia em que o céu escondia o sol com as suas nuvens cinzentas, conseguia ver-se toda a paisagem, nítida, cheia de histórias que ali se passaram nestes quatro longos e curtos anos.
Para qualquer dos quatro lados que me virasse, silhuetavam-se casas, monumentos, cafés e restaurantes onde vivi de e com amor.
Coimbra, não me despeço de ti, porque ainda não parti. Não tenho coragem de partir. Vou só ali tratar da vida e já volto. Prometo que regresso. Sempre.
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Fotografias tiradas por Tomás. |
Preço: 2€ por pessoa
Depois de terminar a Licenciatura, decidi tirar uns dias para mim e para a minha cidade. Só eu e ela. Assim que apresentei o projecto final, preparei-me para descansar a mente e o corpo, pois estava a precisar. E passar aqueles dias sozinha foi muito bom para mim. Foram tempos de reflexão, mas trouxe uma dor de partida que ainda hoje permanece. Caí em mim quando comecei a fazer as malas, ao pegar em todas as fitas que as minhas pessoas me tinham escrito (incluindo vós). Desatei num pranto silencioso que me rasgava a alma aos pedacinhos. Doeu e ainda dói muito. São fases como esta que me deixam mais abalada e sem saber muito bem como reagir. Mas tudo há-de abrandar, com o tempo. Tudo há-de (re)encontrar o seu lugar e as coisas hão-de recuperar a sua tranquilidade.
Mesmo junto à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, está esta Casa que me enche o coração.
Neste dia, apenas pude visitar o segundo piso, no qual estava uma pequena exposição do trabalho de Jaime Ferreira, pois no primeiro decorria uma conferência.
A primeira vez que aqui estive, numa actuação tunante, apenas visitei os seus conhecidos jardins e desde então que a curiosidade e a vontade de a visitar se acendeu ainda mais.
As suas paredes brancas e a madeira clara com todas as máquinas de escrever criam um ambiente perfeito para uma criação de algo bonito feito com palavras! Fiquei com vontade de voltar, como é óbvio, e fá-lo-ei quando tiver oportunidade. Não pagam nada por entrar, por isso, não há desculpas. Aconselho vivamente a sua visita aos amantes da leitura e da escrita. Ficarão maravilhados.
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Todas as fotografias foram tiradas por mim. |
No topo do coração da Coimbra académica, a caminho da Sé Velha para quem desce e da Sé Nova para quem sobe, está este tesouro histórico maravilhoso, situado no antigo paço episcopal de Coimbra.
Quando entrei para pedir informação, estava longe de imaginar que as minhas próximas 2 horas seriam passadas ali, sozinha sem sentir solidão, num silêncio professor de passado que me matou a fome de museus que tinha há tanto tempo.
Em cinco pisos de pura arte e história, acendeu-se novamente aquela faísca de aventureira, que sei que tenho dentro da parte da minha alma que pertence às Letras, às Humanidades e às Artes.
Aquele sentimento que não sei, de todo, descrever, alimentou-me e fez-me crescer um bocadinho mais. Aquele sentimento fez questão de me puxar para cima e fazer-me recordar os tempos em que toda eu era Letras, em que toda eu vivia aconchegada por palavras dos livros que lia e por aquelas que tentava escrever num papel inocente, e os tempos em que tinha tempo e oportunidade de conhecer e aprender coisas novas antigas.
Nos vários pisos, podem encontrar Escultura de madeira e de pedra, Pintura, Cerâmica e Ourivesaria com peças originárias de monumentos religiosos de Coimbra.
Pode ainda encontrar-se o magnífico Criptopórtico mais antigo e mais bem conservado do mundo romano em Portugal. Coimbra, antes de ser Coimbra, era Aeminium, uma cidade romana (em Latim). Lá dentro, é bastante fácil perdermo-nos e passarmos por locais mais do que uma vez pelas diversas entradas e saídas abobadadas que se confundem, tal é a sua semelhança.
Foi uma tarde sem dúvida enriquecedora e apaixonante!
Custo por pessoa: 6€ (7€ se quiserem o vídeo-guia)
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Azulejos didácticos do século XVIII. |
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Todas as fotografias foram tiradas por mim. |
Quero deixar-vos a todos, que escreveram uma mensagem para as minhas fitas, um obrigada do fundo do coração por palavras tão doces e calorosas! Decidi colar uma pequena flor branca nas fitas que guardei para o Bem-Me-Quer e ficaram mesmo amorosas!
Como é esperado, houve muita água a sair destes olhinhos quando as li, durante e depois da Bênção no passado dia 2 de Junho!
Não vos consigo exprimir tamanho agradecimento num texto de uma publicação, mas espero que o sintam como verdadeiro e genuíno!
OBRIGADA A TODOS! 💗💗💗🌼🌼🌼
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Fotografias minhas. |
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Fotografia tirada pelo meu irmão. |
Cada idade tem a sua verdade e a sua certeza e os nossos 20 anos não são excepção. Achamos muita coisa, mas sabemos realmente pouca.
Neste quente fim de tarde, entra pela janela aberta uma utopia teimosa que poda o nosso futuro. Ingénuos, acreditamos nela e passamos os dias felizes sem sabê-lo! A janela baixa do bar da minha praia e do teu rio, rente ao areal e ao relvado pisado, pensado e sonhado. A janela que vemos juntos quando não estamos juntos.
Enquanto te vejo a ler o que escrevo, converso comigo para diminuir a ansiedade de ver-te a fazê-lo! Observo-te com o teu cigarro, firme e seguro de si, entre a fumaça que te rodeia. Tento desviar o meu rosto dos teus olhos e das tuas mãos que percorrem cada palavra que escrevi, que é como quem diz, o meu corpo nu, a minha alma transparente. É muito frio e muito pesado, demasiado até para ser mais uma história e é a ti que confio aquilo que fica por publicar.
Pego num copo de bom vinho e penso no Amor. Na possibilidade de ele existir. E depois olho para ti e para essa tua barba que me sorri ao pôr-do-sol mais bonito do meu mundo.
A noite adulta molha-me os braços de frio, mesmo por cima do casaco preto de cabedal. As temperaturas começam a mudar e eu tenho de mudar o meu guarda-roupa.
Entro num bar para me aquecer. Empurro a porta de madeira, piso um chão escarlate e sou abraçada por uns Blues de fim de noite. Dou de caras com uns sofás escuros e confortáveis. Peço uma bebida e sento-me a olhar para a banda e a pensar naquilo que já penso o dia inteiro.
Juntando as altas horas da noite à serenidade do ritmo dos Blues e à penumbra do bar, forma-se um ambiente propício à divagação errante do pensamento e a minha mente corre pelos assuntos mais banais das notícias até chegar ao cerne da mais ridícula questão existencial. O melhor é mesmo pedir outra bebida.
Faço sinal ao rapaz, rosto de 30 anos, corpo de 20. Traz-me à mesa um copo simpático e diz-me que é por conta da casa. Surpreendida, agradeço e descontraio. Deixo que a música me invada e deixo de pensar. Limpo a mente.
Sou só eu e a noite, com um copo cheio na mão, a dançar ao som de uns Blues.