[4] EntreVistas - Joana Rito | O Blog


Querida Joana, 
Obrigada, uma vez mais, por aceitares fazer parte desta rubrica do Bem-Me-Quer!

É com enorme alegria que partilho o teu cantinho online incrível!
Desde que o abri, numa primeira vez, ao acaso, que nunca mais o larguei. Admiro o ar que se respira quando visito o teu espaço. Transpira paz de espírito, bem-estar e conforto. Adoro ler o que escreves natural, honesta e humildemente. Parabéns por nos inspirares a ser melhores seres humanos.

Para iniciarmos esta conversa, imaginemos que estamos sentadas à mesa (de madeira) de uma esplanada agradável, numa bela tarde de Verão, em frente às ondas calmas do mar, a beber um delicioso café, transportando-nos com esse aroma inspirador de muitas obras tuas.

Um obrigada antes de tudo, querida Carolina. Sou daquelas pessoas que quer mudar o mundo, nem seja um bocadinho, e coisas bonitas como esta fazem-me perceber que tenho impacto em quem me lê, mesmo que seja pequenino. Neste momento tenho borboletas na barriga e um calorzinho bom no corpo por te teres lembrado de mim.

1 - Joana, já sabemos que adoras uma boa tarde de Outono, embrulhada em mantinhas, com um bom livro para ler e uma bebida reconfortante para saborear. Quais são as melhores sensações, para ti, em cada estação do ano?

Antes de mais, acho que adoro todas as estações, embora elogie muito mais o Outono. Acho que cada estação tem algo bonito a oferecer, algo bom pelo que se esperar. Vivo-as como se fossem mudanças de estação em mim própria. Celebro as estações mais frias tornando-me mais caseira - o quão eu adoro ser caseira! -, com mais momentos em família e junto à lareira, mais calma, mais chá, mais mantas, mais livros, mais conforto. Assim que o tempo começa a aquecer parece que florescemos com ele. Aproveito cada raio de sol, noto cada flor a abrir, tento estar o máximo de tempo fora de casa, não aguento estar um dia de sol estupendo e ficar fechada em casa. É uma oportunidade para estar ao máximo em contacto com a natureza.


2 - Para além da leitura, que outra(s) actividades te fazem sorrir com a alma?

Talvez escrever esteja no topo da lista de mão dada à leitura. Sempre adorei escrever, faço-o naturalmente e espero um dia poder seguir uma carreira que me permita escrever. Aliada à escrita vem a criação. A criação de seja o que for. Nunca fui muito decidida e ainda hoje quero fazer um monte de coisas. Se me ocorrer criar um objeto, uma ilustração, uma história, uma música, uma dança, eu faço-o de alma e coração. 


3 - Auroras ou crepúsculos? Qual o mais encantador?

Caramba, acho que é daquelas perguntas na qual não se escolhe. Acho o pôr-do-sol algo do outro mundo, mágico, fantástico e tão precioso. Adoro fins de tarde. Mas sempre tive o sonho de um dia assistir a uma aurora boreal. Considero um dos fenómenos da natureza mais incríveis que existem. Quero muito sentir a magia que é estar sob algo assim. Só posso dizer que acho ambos algo mágico e sem igual. 


4 - Natureza... percebemos que lhe és muito ligada. Amas e és amada pela água, terra, fogo e ar. Consegues descrever algum momento que tenhas passado sozinha, em comunhão com a Natureza, que te tenha marcado profundamente? Gostarias de partilhar connosco?

São raros os momentos em que passo sozinha com a natureza, a não ser nos parques que há pelos arredores da zona onde moro. Costumo fazer muitas caminhadas matinais, são essenciais para mim, para estar comigo, para me acalmar e aprender a respirar fundo. A natureza ensina-me isso. No entanto, existem pequenos momentos que me marcaram, apesar de não estar sozinha nesses momentos. Um deles foi no verão passado, onde fui à praia da Comporta num final de tarde de um verão já adiantado. Ocorria a maior época de incêndios do país, e o ar estava pesado, abafado e denso. Mas aliado às tonalidades do pôr-do-sol proporcionou-me o melhor crepúsculo que alguma vez consegui viver. Tudo em meu redor tingiu-se de laranjas e dourados, a praia estava vazia, para além de mim e da minha companhia, a água refletia os últimos raios que o sol trazia, o mar estava limpo, calmo e leve, apenas se ouvia as ondas do mar, o ar denso calou todo o ruído que pudesse existir a mais, e foi ali que tomei o melhor banho de mar. Senti-me como se fosse parte das ondas, hipnotizada pelo sol que não tardava a ir dali a momentos. Sinto que a minha alma ficou ali, naquele momento mais mágico que vivi com o mundo. 


5 - Dreamcatchers, plantas e cristais têm um significado especial para ti. Consegues explicar-nos porquê?

Bom, não sei bem. Os caçadores de sonhos lembram-me os nativos selvagens, sempre me quis rodear de algo que me fizesse lembrar o estilo de vida que quero ter. Há anos atrás pretendia começar a fazer coleção de algo, e decidi virar-me para os caçadores de sonhos. Comprei apenas um pequenino. Daí em diante tinha diferentes pessoas importantes para mim a oferecer-me em diferentes situações. Neste momento tenho 21 caçadores de sonho no quarto – acabei de os contar e coincidência ser o mesmo número quantos anos tenho de vida! – e cada um me lembra um momento bonito em específico e as pessoas que estão e as que passaram pela minha vida. Já os cristais, por esses acho que também sempre tive uma queda por eles. Mas apenas comecei a adquiri-los e a utilizá-los em meditação desde o ano passado. Sou uma pessoa muito ligada à espiritualidade e os cristais são um pedaço da natureza que emitem energia que nos permite equilibrar os chakras e as energias que nos circundam. Ainda sou novata neste mundo, mas estou a adorar tudo o que descubro sobre eles e toda a experiência que tenho tido. No caso das plantas, essa relação só começou agora, apenas comecei a interessar-me por elas quando comecei a namorar, pois o meu namorado é muito dado à natureza, à terra, ao cultivo. E foi com ele que comecei a descobrir a magia que é semear, cuidar de uma planta, vê-la crescer. Faz-me, mais uma vez, estar em contacto com a natureza. 


6 - «Joana sem jeito» é um projecto teu pelo qual eu nutro muito carinho. Quando e como surgiu esta ideia?

A ideia já vinha há algum tempo alojada num cantinho da minha cabeça. Apenas tinha receio e não sabia bem por onde começar. Sempre gostei de inventar, de criar, de oferecer coisas feitas por mim às pessoas, quanto mais “fora da caixa”, melhor. Comecei por pensar que podia ser uma boa maneira de me manter entretida, de ganhar mais algum e de espalhar amor por aí. Só queria estar a criar, qualquer coisa, para alguém. Então, numa manhã de verão, comecei a tentar arranjar um nome para representar aquilo que ia fazendo. E arranjei imensos, mas queria ter a certeza para não vir a mudar mais tarde por já não se adequar a mim. Então surgiu a ideia de criar a Joana Sem Jeito do simples facto de, quando frequentava o curso de Design, as minhas pessoas mais próximas me dizerem que fazia coisas bonitas, mas que não tinha lá muito jeito para a coisa, que ficava tudo muito desajeitado, que eu era desajeitada. E que outro adjetivo me caracteriza melhor senão esse! Bem, sim, foi esta a minha linha de pensamento, acho que diz muito do que sou e do que crio, de como e o porquê de ter chegado aqui, não podia estar mais contente. 


7 - O aroma a café é delicioso. Que tipo de café utilizas para as tuas criações? De cevada, de borra, de cápsulas...?

A coisa do café foi por acaso. Não me apetecia pintar com aguarelas, e o facto de adorar tons de castanho fez-me lembrar do café, que sendo líquido e manchando o papel, conta como tinta. Fiz os primeiros desenhos e as pessoas deliraram! Ainda ia longe de pensar que um dia iria vender desenhos feitos por mim, pintados a café. Sou muito apologista da proteção do meio ambiente, da reciclagem e do desperdício zero. Tento sempre criar algo em que transpareçam esses três princípios. Para a conceção das obras utilizo os restos das cápsulas de café cá de casa. Vou inserindo as cápsulas usadas na máquina e aproveito o pouco que ainda têm, são apenas algumas gotas, mas depois de muitas consigo encher uma chávena. E, para pintar uma dúzia de desenhos, não chego a gastar nem metade. 


8 - O que sentes quando terminas uma ilustração?

Sinto uma parte de mim realizada. Como uma criança que acaba de escrever a carta perfeita ao pai Natal ou que acaba de criar o desenho perfeito para oferecer à mãe. Maior parte das vezes chego a gostar tanto do resultado que me custa muito desfazer-me deles. Sinto que ficou expressa no papel uma grande parte de mim, que eu consigo fazer o que nunca imaginei que seria capaz. É como uma prova para mim de que o que sempre achei que nunca iria conseguir fazer, está à minha frente. 


9 - O que dirias à criança que foste, sabendo o que sabes hoje?

Não tenhas pressa, sobretudo. Não cresças tanto, não queiras ser como os adultos, ou como os outros todos. Ser diferente é bom e é bonito. Um dia vais conseguir fazer tudo o que sonhas. O mundo é um mar de rosas, sim. Não acredites quando te disserem que a magia não existe, ou que a vida é dura, ou que as pessoas são más. Tu vais mudar o mundo, vais ser o que quiseres e vais fazer o que bem entenderes. Não tenhas tanto medo. Não tenhas receio em experimentar coisas novas. Não queiras crescer. Aproveita o agora. Ser criança é bom. 


10 - E ao teu possível futuro eu com uns bonitos cabelos brancos?

Há uma música da minha banda favorita, os OneRepublic, que me faz pensar muito nesta pergunta. Chama-se “I Lived” e espero que daqui a uns anos me identifique com muitas das coisas descritas na letra. Espero dizer que amei com todo o meu ser as minhas pessoas, que espalhei amor por aí de todas as maneiras que achei possíveis, que salvei o mundo de alguma forma, que ajudei muitas pessoas e almas bonitas, que consegui concretizar muitos dos sonhos que tive, que vivi inúmeras experiências nas quais sempre tive vontade, que alcancei a paz de espírito que sempre quis, que tenha feito as minhas pessoas felizes, que tenha lido e vivido histórias intensas. Que tenha sido feliz, acima de tudo. Com mais arrependimentos que anseios por cumprir. 



Bem, despedimo-nos então com as chávenas vazias e um belo pôr-do-sol a brilhar no horizonte, ainda a torrar-nos a pele, de tão Verão que poderia ser nessa tarde!



Um obrigada muito grande, querida Carolina. Acho este pequeno projeto tão bonito e tão intimista. Gostava que existissem mais projetos deste género, o de conhecer as pessoas profundamente, o de ver para além daquilo que se mostra. Muito grata por isto!


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As imagens desta publicação são da autoria da Joana ou foram retiradas do seu blogue.







9 Comments

  1. Esta entrevista está tão, tão bonita! Tão delicada, tão leve, tão harmoniosa. Adorei a energia transmitida e a forma como a Joana observa a vida e se entrega ao que lhe faz bem.
    Tenho que ir conhecer melhor o seu trabalho *-*

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    1. Sim, vai!
      Verás que será uma lufada de ar fresco :)
      Muito obrigada, querida!
      Beijinho docinho*

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  2. Caramba, continuo tão grata por isto! Fazer parte do teu projeto bonito é tão bom ❤

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    1. E eu grata estou também!
      Sabes o que sinto no teu blogue e isso não tem explicação alguma!
      És grande, Princesa <3 <3

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  3. A Joana é das almas mais bonitas que tive o previlegio de conhecer! Quando a vida nos coloca pessoas como a Joana no nosso caminho, não há como dizer que a vida é má! Gostei muito da entrevista, denota-se um reflexo bonito e totalmente genuíno da pessoa que a Joana realmente é. E poder ter tanta verdade nas suas palavras transmite calma, felicidade e esperança na humanidade.
    Obrigada Carolina por teres trazido a Joana a este teu projeto!

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    1. Muito obrigada pelo teu comentário tão carinhoso, querida Inês!
      Tiras-me as palavras da boca. A Joana é uma alma mesmo muito bonita!
      Beijinho grande*

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  4. Adorei a entrevista e já vou seguir o trabalho da joana

    Beijinhos,
    omundodapequeninaaa.blogspot.com

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  5. Já conheço o blogue da Joana, não há muito tempo, mas o suficiente para já fazer visitas constantes. As publicações dela são tão leves, tão tranquilas e tão bonitas, tal como esta entrevista. Adorei ler, de coração!

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