[3] EntreVistas - O Girassol da Matilde Castanho


Matilde, menina Girassol, abri o teu blogue pela curiosidade que tive em conhecer outro blogue também com o nome de uma flor. E não me arrependi. Encontrei um lugar fresco, simples e bonito que gosto de visitar, de quando em quando, para ler o que partilhas connosco.

Muito obrigada por estares aqui, connosco, a conversar alegremente sobre o mundo!

Podemos fingir que estamos sentadas num jardim, rodeadas por um perfume de girassóis e bem-me-queres, a conversar? A mim parece tentador!

1 - Sendo de Elvas, Matilde, conta-nos o quão encantador é o teu doce Alentejo.


Adoro que tenhas escolhido esta pergunta para iniciar a nossa conversa, porque eu própria não teria seleccionado outro detalhe para me introduzir, ou apresentar. No geral, odeio definições e odeio tentar colocar-me uma etiqueta, no entanto, quando sou forçada a escrever uma biografia, a primeira coisa que gosto de salientar são as minhas origens e levar as pessoas que estão do outro lado a ver o Alentejo com os meus olhos. Acho que posso dizer, com toda a segurança, que é a minha zona de conforto, o meu safe space cheio de pormenores especiais e únicos; desde as pessoas, que no início não são fáceis de conquistar, mas têm um coração de ouro, até às paisagens envolventes, serenas e harmoniosas como não há em mais nenhum lugar. Elvas, especificamente, é a melhor cidade do mundo – ainda que eu seja suspeita nesta escolha – e a minha recomendação instantânea e automática quando chega a hora de sugerir um destino a alguém. É um lugar distinto dos outros, a mistura entre Espanha e Portugal é quase palpável e isso afecta o passado e o presente da cidade, faz com que seja um sítio que respira história (o que pessoalmente teve muita influência em mim) e que tem muito para contar. Para mim, a magia está na cultura própria que Elvas possui. Nos vocábulos, nos monumentos, nos campos, na maneira de viver, de sentir e de expressar. Na calma, no calor e na sua capacidade de nos fazer sentir como uma pequena parte de uma comunidade verdadeiramente rica e singular.




2 - E o Porto deslumbrante? Que momento mais te marcou na tua estadia na Invicta?


Eu diria que o meu primeiro contacto com o Porto foi o mais marcante. Passei anos a pedinchar a toda a gente que me acompanhasse numa visita à Invicta e, curiosamente, o ano passado marquei e desmarquei inúmeras ideias de férias, fins-de-semana e tudo mais, para, no final de 2018 me mudar definitivamente para lá. Tinha imensas expectativas em relação ao que viria a encontrar e todas elas foram superadas, o que me deixou desarmada, porque estou habituada a “sonhar demasiado alto”. Não sendo eu grande admiradora de cidades grandes – porque cresci no meio da calma e tranquilidade – fiquei surpreendida por gostar tanto do Porto. É tão português, tem tanta personalidade e, mesmo sendo uma metrópole, não me faz sentir como se estivesse a ser esmagada no meio da multidão. Como tu disseste, é deslumbrante e tem uma energia e uma essência muito próprias que acabaram por ser compatíveis comigo. 


3 - Embora não te siga há muito, muito tempo, já li várias das tuas publicações. Uma das que mais me marcou foi POSTCARDS FROM OPORTO não só por me identificar com o teu sentimento de rendição para com a linda cidade do Porto, mas também pelas tuas fotografias magníficas. Uma vez que já a escreveste há algum tempo, consegues dizer-nos se houve, no entretanto, mais alguma cidade, portuguesa ou não, que tenhas classificado melhor do que aquele simples "hmm, ok"?


Na verdade, sim e não… não posso dizer que tenha viajado muito entretanto, pelo menos não com o propósito de conhecer uma cidade, ou os seus pontos mais bonitos e característicos, mas tive a oportunidade de ir a Espinho e também gostei bastante do pouco que vi. No entanto, admito que sou muito complicada quando se trata de classificar lugares novos, há sempre qualquer coisa que me deixa desconfiada e, por isso, o veredicto final é sempre “o Alentejo é mais bonito”. 


4 - Bom, parece que estás em Jornalismo (um curso que me desperta bastante atenção), estou certa? Quão mudou a tua vida com a entrada na Faculdade?


É complicado explicar como mudou a minha vida com a entrada na faculdade e com o início da licenciatura em Jornalismo, porque simultaneamente sinto que mudou imenso e que não mudou nada. Por um lado, não sou apaixonada pela vida de estudante, é muito complicado para mim manter-me quieta e calada a olhar para um pedaço de papel durante horas e tentar memorizá-lo e estudá-lo. Por outro lado, escolher um curso, que por si só se insere num contexto das ciências sociais e me obriga a aprender matérias que realmente têm impacto no meu quotidiano equilibrou bastante a balança, porque em vez de estar fechada a tentar compreender as informações que chegaram até mim tenho a possibilidade de sair porta fora e ver como se aplicam num contexto real. É possível para mim criar projectos e desenvolvê-los utilizando o que aprendi com os conteúdos das cadeiras e isso é muito positivo, porque me ajuda a ser mais dinâmica. Diria que a maior mudança que a faculdade proporcionou na minha vida foi a força que exerceu em mim para “sair da minha conchinha” e tornar-me mais extrovertida. Vi-me fora da minha cidade, sem conhecer ninguém e num curso de comunicação onde toda a gente tem muitas opiniões e quer imenso ser ouvido. Tive de lutar por mim mesma e deixar de ter medo de falar perante um público desconhecido, o que acabou por ter muito impacto no crescimento da minha autoconfiança e da perda gradual da timidez. 


5 - Reparei que és fã do Elvis. Quando é que surgiu esta admiração?


Não posso dizer uma data concreta, porque na verdade não me recordo. Veio da minha mãe, em conjunto com o filme Lilo & Stitch – depois da Lilo se apresentar como a maior fã do Elvis, a minha mãe refutou e afirmou que ela é que era a maior fã do Rei (hoje claramente que sou eu) – e a curiosidade de ver de onde vinha tanto fascínio levou-me até Jailhouse Rock e, mais tarde, a um filme biográfico que até hoje continua um dos meus favoritos de sempre. É, indubitavelmente, o meu cantor favorito e a base onde construí todo o meu gosto musical, por isso obrigada Lilo e obrigada mãe!




6 - A Priscilla e o Stitch são dois amores peludos que te apareceram na vida por acaso. Achas que ainda pode aparecer mais outro patudo querido pelo teu jardim? Conseguirias resistir a outro amor destes?


Aproveito a ocasião para anunciar que a minha querida Priscilla já é mãe, por isso continuam a aparecer gatinhos no meu jardim e eu continuo a acolhe-los, como se fosse uma velhinha solteirona que tem muito tempo livre. Se eu queria completar a família com, talvez, um cãozinho? Não confirmo, nem desminto, mas na verdade comigo a viver entre o Porto e o Alentejo é complicado sustentar tanta gente, não sei como é que os Weasley conseguiam, para ser honesta!


7 - A fotografia é importante para ti. Costumas ter sempre (ou quase sempre) uma máquina fotográfica contigo quando vais a um lugar diferente e especial?


Na verdade, a minha máquina fotográfica está sempre comigo, mesmo quando não tenho planeada nenhuma visita a um destino especial. Creio que o meu gosto por escrever e por registar momentos cresceu e tornou a fotografia em algo com bastante importância para mim, no sentido em que é um complemento à minha maneira de imortalizar uma ocasião diferente e marcante. A noção que, muitas vezes, as situações mais invulgares e especiais acontecem sem aviso prévio acrescida ao meu pânico de estar desprevenida, levam-me a nunca deixar a minha máquina longe de mim. No entanto, e contradizendo o ponto que acabei de defender, os melhores momentos e recordações que guardo não estão imortalizados com fotografias, talvez porque na altura estava tão entretida e distraída a viver que me recusei a interromper essa experiência para registar o que quer que fosse (ao mesmo tempo, gostava que alguém o tivesse feito por mim, para eu ter uma pequena prova palpável que realmente aquele dia/ hora/ minuto teve algo de fantástico e único).


8 - Qual a cor que dirias que melhor descreve a energia que transmites no Girassol?


Curiosamente, penso nisto imensas vezes e acabo por chegar à conclusão que depende imenso do momento em que eu me encontro. No geral, acho que por mais voltas que dê levo sempre o Girassol de volta para o amarelo, porque para mim o mais importante é transmitir aconchego, conforto e optimismo, tornar o meu cantinho da internet num lugar seguro, para quem o visita e também para mim. 




9 - Reparei que tinhas um canal de Youtube. Vi estes teus vídeos e fiquei apaixonada. Fala-nos das curtas que já fizeste. O que é que te dá mais gosto nesse processo apaixonante?


Antes de mais, obrigada! Fico sempre sem jeito quando dizem que gostam dos vídeos que eu faço!
Já escrevi e produzi duas curtas-metragens, completamente amadoras, quando estava no ensino secundário. A minha professora da altura deu-nos a opção de apresentar um livro, ou de realizar uma curta como trabalho final do período e eu, juntamente com as minhas amigas, escolhi tentar a minha sorte como cinéfila. A primeira (10º ano) foi mais simples e rápida, ainda que também nos tenha dado imenso trabalho, mas diria que a segunda (11º ano) ganhou o meu coração por completo. Naquela altura, éramos completamente viciadas em The Breakfast Club (ainda hoje é o meu filme favorito) e optámos por juntar esse conceito a inúmeros outros de vários filmes juvenis que gostávamos e o resultado foi magnífico e super gratificante. Graças a essas duas curtas-metragens nasceu o meu gosto por trabalhar em vídeo e confesso que não faço tantos projectos nessa área como gostaria. Para ser honesta, diria que a parte que mais gosto é a planificação e o desenvolvimento da ideia e do conceito, porque é a partir daí que tudo se desenrola e, mesmo quando aparece uma certa vontade de desistir, é logo posta de lado, porque já temos esse objetivo final em mente e queremos muito que ele se concretize. 


10 - Porquê Girassol?

Gostava de te dar uma resposta bonita e uma razão com cabeça, tronco e membros, mas a verdade é que fiz as coisas ao contrário. O meu blog não se chama Girassol, porque o girassol é a minha flor preferida. O girassol é que é a minha flor preferida, porque o meu blog se chama Girassol. Quando criei o blog tinha acabado de fazer 16 anos e, apesar de ter uma noção e estrutura de tudo o que queria fazer, não tinha um nome. Como na altura, por algum motivo, a minha página do tumblr mostrava-me imensas fotografias de girassóis tomei isso como se fosse um sinal e aproveitei para apressar o lançamento do meu pequeno blog. No entanto, o primeiro nome que adotei foi “Sunflowers In The Wind” e só mudei para o actual em Junho do ano passado, porque cheguei à conclusão que fazia mais sentido que o nome, tal como as publicações, estivesse escrito em português.




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https://sereinxx.tumblr.com/

Todas as imagens e vídeos desta publicação são da Matilde.



6 Comments

  1. Minha querida Carolina,

    Adorei o resultado final, adorei as tuas perguntas, adorei a introdução e só pelo convite já fiquei tão tão feliz e tão tão grata. Muito obrigada por me achares merecedora de um espacinho no teu blog, espero ter estado à altura!

    Um grande beijinho!

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  2. Visito a Matilde pontualmente, mas gosto sempre da forma como se expressa e dos temas que aborda. Foi um gosto enorme conhecê-la melhor. Que entrevista encantadora *-*

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  3. Já conheço o blogue da Matilde e gosto muito de passar por lá, traz sempre bons temas e sabe sempre muito bem expressar a sua opinião. Foi um gosto ler esta entrevista e conhecer mais um bocadinho sobre ela :)
    Beijinhos

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  4. Adorei a entrevista, vou passar pelo cantinho dela sem dúvida!

    Segui*

    um beijinho,
    piquimads

    piquimads.blogspot.com

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  5. Que fofa, eu não a conhecia!
    https://www.nicenessbeauty.com

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