The Ginger Bookworm

Querida,
O mundo é dos que têm voz... não percas tempo, minha filha, vai! O mundo não espera por ninguém e tu também não devias esperar pelo Mundo. Atira-te a ele e agarra as suas asas para poderes voar!

Olha para ti... de menina a mulher. Cresceste em ti e em mim. És grande! E agora, estamos longe, tão longe! Perdoa-me se não me consegues ouvir a sussurrar ao vento que te amo, que sinto a tua falta e que tu foste a razão pela qual me levantei todos os dias para continuar a lutar contra aquilo que me pesa no corpo! Perdoa-me, embora nesta história não haja culpados. Apenas as circunstâncias mudaram e temos de as aceitar para conseguir seguir em frente.

E peço-te para que o amor não nos deixe enquanto vivemos! Peço-te que nunca desistas do amor, porque sem ele a vida não é nada!

O teu pai, este homem que te escreve, já não tem a força da flor da tua idade. Estou preso ao que resta de mim e a um pedaço de metal com rodas que me leva aos quatro cantos desta casa onde houve felicidade, em tempos. Mas conhecendo a tua história, a tua coragem e a tua garra (igual à da tua mãe), estou certo de que mudarás vidas. Tocarás a vida de quem mais precisa de ti, sei disso! E fico tão orgulhoso da minha filha.

Faz o que te traz mais felicidade com todo o teu coração e terás em ti todos os sonhos possíveis! Serás a mulher que sempre desejaste ser e tornarás o que te rodeia mais doce e com mais cor e com mais fé!

Continua a elevar-te,
Com o maior carinho,
Pai

A vida dá muitas voltas.
A nossa cabeça também.
E isso é viver.
Andar de um lado para o outro a pensar numa coisa e noutra e, quando damos conta, está metade da vida feita, e nós a achar que ainda estamos a trabalhar para começá-la.


Coimbra fica-me bem porque me faz sorrir!
Coimbra fica-me bem porque me deu a conhecer pessoas magníficas... que eu nem sabia que existiam, o que faz de mim uma pessoa privilegiada por conhecê-las! Coimbra deu-me amores e amizades por este Portugal fora!
Coimbra fica-me bem porque me dá dias de vida e noites inesquecíveis...
Coimbra fica-me bem porque me inspira.
Coimbra fica-me bem porque me dá motivos para escrever...
Coimbra fica-me bem porque é uma cidade que (en)canta!
Coimbra fica-me bem porque há histórias inundadas no Mondego que voltam à superfície às ordens da cidade...
Coimbra fica-me bem porque me deixa e me faz feliz!
Coimbra fica-me bem  e eu fico bem em Coimbra!

Amigos para a Vida aqui ganhei,
Capas negras da Saudade,
Olhares que não esquecerei
Guardo na Eternidade!

Pintámos a nossa Cidade
De cor e tradição,
Baladas quentes de cetim
Gravadas no coração!

E chorando no Mondego
Inundamos histórias 
Nas suas gloriosas águas!

Sempre encantada, iluminada
Oh, Coimbra, minha cidade
De ti eternamente a
Saudade, Saudade…
A senhora do chapéu de chuva

Chove torrencialmente e é Inverno. Os trovões estridentes rebentam na escuridão, largando luzes, fortes clarões que iluminam a noite, por momentos. Ouve-se o cair das gotas grossas e brilhantes na estrada, com força, cheias de força, que parecem arrancar pedaços do chão. Chove torrencialmente e é Inverno.

Tenho de ir para a estação. Mas está a chover intensamente... Uma senhora chegou. Disse-me «Boa noite!» e que me levava à estação. Aceitei. Não abri a boca durante a pequena viagem e a palavra que me ocorreu instantaneamente foi o comum «Obrigada!». Olhou-me nos olhos e reconheci-lhe o brilho do olhar, a voz ternurenta que se deixava sair entrava-me no coração como a essência única e indescritível de recordações da infância. Aquela bondade inconfundível...


Como pude quase esquecer-me de como era?
Como?
Chove torrencialmente e é Inverno.

A ausência das pessoas durante um determinado tempo faz-nos ver as coisas menos nítidas; é como se o tempo fosse nevoeiro... Temos tanta saudade, tanta vontade de sorrir, de ser feliz! Tanta ânsia de viver que acabamos por distorcer as verdadeiras imagens.
Entro agora no autocarro totalmente impressionada.

Chove torrencialmente e é Inverno.


Em resposta ao Projecto da Andreia. Espero que tenham gostado!



Querida Joana, 
Obrigada, uma vez mais, por aceitares fazer parte desta rubrica do Bem-Me-Quer!

É com enorme alegria que partilho o teu cantinho online incrível!
Desde que o abri, numa primeira vez, ao acaso, que nunca mais o larguei. Admiro o ar que se respira quando visito o teu espaço. Transpira paz de espírito, bem-estar e conforto. Adoro ler o que escreves natural, honesta e humildemente. Parabéns por nos inspirares a ser melhores seres humanos.

Para iniciarmos esta conversa, imaginemos que estamos sentadas à mesa (de madeira) de uma esplanada agradável, numa bela tarde de Verão, em frente às ondas calmas do mar, a beber um delicioso café, transportando-nos com esse aroma inspirador de muitas obras tuas.

Um obrigada antes de tudo, querida Carolina. Sou daquelas pessoas que quer mudar o mundo, nem seja um bocadinho, e coisas bonitas como esta fazem-me perceber que tenho impacto em quem me lê, mesmo que seja pequenino. Neste momento tenho borboletas na barriga e um calorzinho bom no corpo por te teres lembrado de mim.

1 - Joana, já sabemos que adoras uma boa tarde de Outono, embrulhada em mantinhas, com um bom livro para ler e uma bebida reconfortante para saborear. Quais são as melhores sensações, para ti, em cada estação do ano?

Antes de mais, acho que adoro todas as estações, embora elogie muito mais o Outono. Acho que cada estação tem algo bonito a oferecer, algo bom pelo que se esperar. Vivo-as como se fossem mudanças de estação em mim própria. Celebro as estações mais frias tornando-me mais caseira - o quão eu adoro ser caseira! -, com mais momentos em família e junto à lareira, mais calma, mais chá, mais mantas, mais livros, mais conforto. Assim que o tempo começa a aquecer parece que florescemos com ele. Aproveito cada raio de sol, noto cada flor a abrir, tento estar o máximo de tempo fora de casa, não aguento estar um dia de sol estupendo e ficar fechada em casa. É uma oportunidade para estar ao máximo em contacto com a natureza.


2 - Para além da leitura, que outra(s) actividades te fazem sorrir com a alma?

Talvez escrever esteja no topo da lista de mão dada à leitura. Sempre adorei escrever, faço-o naturalmente e espero um dia poder seguir uma carreira que me permita escrever. Aliada à escrita vem a criação. A criação de seja o que for. Nunca fui muito decidida e ainda hoje quero fazer um monte de coisas. Se me ocorrer criar um objeto, uma ilustração, uma história, uma música, uma dança, eu faço-o de alma e coração. 


3 - Auroras ou crepúsculos? Qual o mais encantador?

Caramba, acho que é daquelas perguntas na qual não se escolhe. Acho o pôr-do-sol algo do outro mundo, mágico, fantástico e tão precioso. Adoro fins de tarde. Mas sempre tive o sonho de um dia assistir a uma aurora boreal. Considero um dos fenómenos da natureza mais incríveis que existem. Quero muito sentir a magia que é estar sob algo assim. Só posso dizer que acho ambos algo mágico e sem igual. 


4 - Natureza... percebemos que lhe és muito ligada. Amas e és amada pela água, terra, fogo e ar. Consegues descrever algum momento que tenhas passado sozinha, em comunhão com a Natureza, que te tenha marcado profundamente? Gostarias de partilhar connosco?

São raros os momentos em que passo sozinha com a natureza, a não ser nos parques que há pelos arredores da zona onde moro. Costumo fazer muitas caminhadas matinais, são essenciais para mim, para estar comigo, para me acalmar e aprender a respirar fundo. A natureza ensina-me isso. No entanto, existem pequenos momentos que me marcaram, apesar de não estar sozinha nesses momentos. Um deles foi no verão passado, onde fui à praia da Comporta num final de tarde de um verão já adiantado. Ocorria a maior época de incêndios do país, e o ar estava pesado, abafado e denso. Mas aliado às tonalidades do pôr-do-sol proporcionou-me o melhor crepúsculo que alguma vez consegui viver. Tudo em meu redor tingiu-se de laranjas e dourados, a praia estava vazia, para além de mim e da minha companhia, a água refletia os últimos raios que o sol trazia, o mar estava limpo, calmo e leve, apenas se ouvia as ondas do mar, o ar denso calou todo o ruído que pudesse existir a mais, e foi ali que tomei o melhor banho de mar. Senti-me como se fosse parte das ondas, hipnotizada pelo sol que não tardava a ir dali a momentos. Sinto que a minha alma ficou ali, naquele momento mais mágico que vivi com o mundo. 


5 - Dreamcatchers, plantas e cristais têm um significado especial para ti. Consegues explicar-nos porquê?

Bom, não sei bem. Os caçadores de sonhos lembram-me os nativos selvagens, sempre me quis rodear de algo que me fizesse lembrar o estilo de vida que quero ter. Há anos atrás pretendia começar a fazer coleção de algo, e decidi virar-me para os caçadores de sonhos. Comprei apenas um pequenino. Daí em diante tinha diferentes pessoas importantes para mim a oferecer-me em diferentes situações. Neste momento tenho 21 caçadores de sonho no quarto – acabei de os contar e coincidência ser o mesmo número quantos anos tenho de vida! – e cada um me lembra um momento bonito em específico e as pessoas que estão e as que passaram pela minha vida. Já os cristais, por esses acho que também sempre tive uma queda por eles. Mas apenas comecei a adquiri-los e a utilizá-los em meditação desde o ano passado. Sou uma pessoa muito ligada à espiritualidade e os cristais são um pedaço da natureza que emitem energia que nos permite equilibrar os chakras e as energias que nos circundam. Ainda sou novata neste mundo, mas estou a adorar tudo o que descubro sobre eles e toda a experiência que tenho tido. No caso das plantas, essa relação só começou agora, apenas comecei a interessar-me por elas quando comecei a namorar, pois o meu namorado é muito dado à natureza, à terra, ao cultivo. E foi com ele que comecei a descobrir a magia que é semear, cuidar de uma planta, vê-la crescer. Faz-me, mais uma vez, estar em contacto com a natureza. 


6 - «Joana sem jeito» é um projecto teu pelo qual eu nutro muito carinho. Quando e como surgiu esta ideia?

A ideia já vinha há algum tempo alojada num cantinho da minha cabeça. Apenas tinha receio e não sabia bem por onde começar. Sempre gostei de inventar, de criar, de oferecer coisas feitas por mim às pessoas, quanto mais “fora da caixa”, melhor. Comecei por pensar que podia ser uma boa maneira de me manter entretida, de ganhar mais algum e de espalhar amor por aí. Só queria estar a criar, qualquer coisa, para alguém. Então, numa manhã de verão, comecei a tentar arranjar um nome para representar aquilo que ia fazendo. E arranjei imensos, mas queria ter a certeza para não vir a mudar mais tarde por já não se adequar a mim. Então surgiu a ideia de criar a Joana Sem Jeito do simples facto de, quando frequentava o curso de Design, as minhas pessoas mais próximas me dizerem que fazia coisas bonitas, mas que não tinha lá muito jeito para a coisa, que ficava tudo muito desajeitado, que eu era desajeitada. E que outro adjetivo me caracteriza melhor senão esse! Bem, sim, foi esta a minha linha de pensamento, acho que diz muito do que sou e do que crio, de como e o porquê de ter chegado aqui, não podia estar mais contente. 


7 - O aroma a café é delicioso. Que tipo de café utilizas para as tuas criações? De cevada, de borra, de cápsulas...?

A coisa do café foi por acaso. Não me apetecia pintar com aguarelas, e o facto de adorar tons de castanho fez-me lembrar do café, que sendo líquido e manchando o papel, conta como tinta. Fiz os primeiros desenhos e as pessoas deliraram! Ainda ia longe de pensar que um dia iria vender desenhos feitos por mim, pintados a café. Sou muito apologista da proteção do meio ambiente, da reciclagem e do desperdício zero. Tento sempre criar algo em que transpareçam esses três princípios. Para a conceção das obras utilizo os restos das cápsulas de café cá de casa. Vou inserindo as cápsulas usadas na máquina e aproveito o pouco que ainda têm, são apenas algumas gotas, mas depois de muitas consigo encher uma chávena. E, para pintar uma dúzia de desenhos, não chego a gastar nem metade. 


8 - O que sentes quando terminas uma ilustração?

Sinto uma parte de mim realizada. Como uma criança que acaba de escrever a carta perfeita ao pai Natal ou que acaba de criar o desenho perfeito para oferecer à mãe. Maior parte das vezes chego a gostar tanto do resultado que me custa muito desfazer-me deles. Sinto que ficou expressa no papel uma grande parte de mim, que eu consigo fazer o que nunca imaginei que seria capaz. É como uma prova para mim de que o que sempre achei que nunca iria conseguir fazer, está à minha frente. 


9 - O que dirias à criança que foste, sabendo o que sabes hoje?

Não tenhas pressa, sobretudo. Não cresças tanto, não queiras ser como os adultos, ou como os outros todos. Ser diferente é bom e é bonito. Um dia vais conseguir fazer tudo o que sonhas. O mundo é um mar de rosas, sim. Não acredites quando te disserem que a magia não existe, ou que a vida é dura, ou que as pessoas são más. Tu vais mudar o mundo, vais ser o que quiseres e vais fazer o que bem entenderes. Não tenhas tanto medo. Não tenhas receio em experimentar coisas novas. Não queiras crescer. Aproveita o agora. Ser criança é bom. 


10 - E ao teu possível futuro eu com uns bonitos cabelos brancos?

Há uma música da minha banda favorita, os OneRepublic, que me faz pensar muito nesta pergunta. Chama-se “I Lived” e espero que daqui a uns anos me identifique com muitas das coisas descritas na letra. Espero dizer que amei com todo o meu ser as minhas pessoas, que espalhei amor por aí de todas as maneiras que achei possíveis, que salvei o mundo de alguma forma, que ajudei muitas pessoas e almas bonitas, que consegui concretizar muitos dos sonhos que tive, que vivi inúmeras experiências nas quais sempre tive vontade, que alcancei a paz de espírito que sempre quis, que tenha feito as minhas pessoas felizes, que tenha lido e vivido histórias intensas. Que tenha sido feliz, acima de tudo. Com mais arrependimentos que anseios por cumprir. 



Bem, despedimo-nos então com as chávenas vazias e um belo pôr-do-sol a brilhar no horizonte, ainda a torrar-nos a pele, de tão Verão que poderia ser nessa tarde!



Um obrigada muito grande, querida Carolina. Acho este pequeno projeto tão bonito e tão intimista. Gostava que existissem mais projetos deste género, o de conhecer as pessoas profundamente, o de ver para além daquilo que se mostra. Muito grata por isto!


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As imagens desta publicação são da autoria da Joana ou foram retiradas do seu blogue.


[1] ENTRE VISTAS - AS GAVETAS DA ANDREIA MORAIS

[2] ENTREVISTAS - A INÊS, DO BOBBY PINS

[3] ENTREVISTAS - O GIRASSOL DA MATILDE CASTANHO




Cheguei a ter medo de escrever.
Medo de escrever pelo facto de as pessoas poderem associar determinados textos à minha vida, quando muitas das vezes não era isso que acontecia, embora houvesse sempre um texto ou outro mais real do que outro. Mas agora que penso detalhadamente sobre isso, percebo que daquilo que tinha realmente medo era do que as pessoas iriam pensar, não era de escrever.

Deixei de fazê-lo frequentemente por causa disso, por causa dos outros e do que pudessem pensar, tanto que acabei por abandonar o meu blogue antigo e extinto (Aguarela). Percebo que houve uma evolução da minha personalidade neste aspecto. A liberdade de expressão existe, felizmente! E eu nunca faltei ao respeito a ninguém pela minha escrita. Eram textos meramente criativos, nada mais. Afinal, eu tinha medo da crítica e da associação à minha vida pessoal, por escrever muitas vezes na primeira pessoa (chegava a deixar uma nota no final de cada texto, precisamente para deixar claro que o texto era fictício). Mas adorava fazê-lo dessa forma, pois era a maneira que eu sentia ser mais fácil de criar algum texto.

E hoje pergunto-me a mim mesma... porque raio foste tu parar de fazer algo que amas mais do que tudo só por causa do pensamento alheio? Porque raio foste tu deixar de escrever tão frequentemente só porque as pessoas podiam associar à tua vida?

Depois pensei... primeiro, escrevo porque amo este gesto e tudo o que ele envolve e a ele está associado.
Segundo, escrevo o que, quando e sobre o que bem me apetecer, porque não estou a colocar ninguém em causa, são coisas que não atentam contra ninguém e escrever é também um caminho a percorrer na minha forma de expressão e libertação.
Terceiro, e como todos sabem, há histórias reais e fictícias. Um escritor, numa obra sua, certamente não se baseia inteiramente na sua vida. Pode ter, é certo, aspectos em que se inspirou, ou algo que sentiu e quis descrever, mas não é um relato dos detalhes do seu caminho, a menos que seja uma autobiografia.

Escrevam muito, se sentem que é o que vos traz felicidade e paz de espírito, desde que essa liberdade de expressão não interfira com a liberdade de outrém.

Olho para ti e não te vejo!
Fugiste deste mundo para sonhares no Céu. Voaste desta Terra para te elevares nesse Vento.
Percebo a razão dessa fuga súbita, desejada e inesperada. Compreendo os teus erros e nunca entendi os meus. Sigo os teus passos e apago as minhas pegadas no caminho de poeira macia.
Porque não me levaste contigo?
Porque me deixaste aqui, a sentir a tua falta, a ver o tempo, a implorar que o tempo passe, a pedir aos deuses que me levem também para junto de ti?
Não me disseste palavras mágicas. Cantaste-me palavras tuas, numa doce melodia, que guardo ainda hoje no intangível do meu ser.
Não te sinto comigo há muito tempo e, mesmo assim, atrevo-me a pedir-te que me abraces como só tu sabes. Encosta o teu coração no meu e deixa-me ouvi-los a baterem, cheios de emoção por se juntarem outra vez. Enrola os teus braços no meu pescoço e cobre-me do mundo. Deixa-me deitar a minha cabeça no teu ombro e encostar o meu rosto no teu pescoço. Deixa-me abrir os braços e fechá-los em ti.
Vamos às estrelas contar os planetas e depois voltamos para baixo para inventar luas e sóis.
Vem comigo à cidade da Saudade partilhar lágrimas silenciadas pela consciência da realidade.
Depois daquele dia, chorei uma noite inteira, sem conseguir parar. Esgotei a água salgada que havia em mim. Desde então que não deito uma lágrima que seja destes meus olhos. A dor é tão grande, tão infinita e não consigo chorar, para a acalmar! Não percebo! Não entendo!
Este meu coração deve ter transformado a minha Saudade em vidro. Lá dentro, cacos afiados, enterrados no coração que o apertam cada vez mais e não deixam a água sair para lavar este sentimento tão inexplicável.
Este meu coração está a morrer para te ter aqui, mais uma vez, junto a mim!

Para nós que temos o guarda-roupa a abarrotar, nunca «temos o que vestir» e quando temos, arranjamos sempre um defeito.
Para nós que conseguimos aguentar saltos terríveis de meio metro.
Para nós que temos uma colecção de malas, sapatos e biquinis maiores do que o Rio Mondego, mas que nunca o admitimos porque uma mulher que é mulher não recusa uma ida às compras.
Para nós que nunca chegamos atrasadas... os outros é que chegam cedo demais.
Para nós que adoramos comida e docinhos, mas detestamos espelhos e balanças naqueles dias...
Para nós que somos LINDAS (e não sabemos), mas mesmo assim temos sempre o nariz mais torto, as pernas mais gordas e todos os restantes maiores e piores defeitos do mundo e arredores.
Para nós que enchemos as casas de banho de produtos de beleza inúteis aos olhos dos homens.
Para nós que procuramos incansavelmente o elixir da beleza eterna, sem percebermos que nunca precisámos nem nunca precisaremos dele.
Para nós que passamos horas ao telefone.
Para nós que não fazemos a mais pálida ideia daquilo que queremos. Para nós, que sabemos desde sempre o que queremos.
Para nós que nos sentimos tantas vezes inseguras, tímidas e com medo de tentar.
Para nós que somos teimosas que nem uma porta, determinadas e sempre cheias de razão.
Para nós que conseguimos falar com o silêncio e escutar vozes mesmo na maior confusão de ruído.
Para nós que queremos e merecemos ser amadas.
Para nós que amamos incondicionalmente.
Para nós que choramos mares quando mares têm de ser chorados.
Para nós que batalhamos e que lutamos por um Amanhã mais tranquilo.
Para nós que temos neuras inacabáveis.
Para nós que nunca deixamos morrer um sonho.
Para nós que somos solteiras e vivemos a vida sem ter de apanhar meias do chão todos os dias.
Para nós que somos casadas e, para além de apanhar meias do chão todos os dias, temos de fazer almoço e jantar, tratar da casa, do cão e do papagaio, dos filhos e do marido, ir às compras, pagar as contas e, ainda por cima disto tudo, sermos FANTÁSTICAS!
Para nós que somos Mães e temos de ter um coração de manteiga, mas protegidos por uma armadura de diamante.
Para nós que somos Irmãs e que amamos os nossos irmãos com mais de metade dos nossos corações.
Para nós que somos Tias e temos uma caixinha de segredos dentro de nós dedicada aos nossos sobrinhos.
Para nós que somos Avós e que, mesmo a ver e ouvir mal, sem dentes, e cheias de cabelos brancos e rugas conseguimos ser das mulheres mais sábias e amadas.
Para nós que construímos sorrisos e felicidade.
Para nós que somos seres humanos, tal como os homens.
De mim, Carolina, para nós, Mulheres, para nós, não só um dia, porque um dia começa e acaba num piscar de olhos e é mais efémero do que aquilo que parece, mas sim uma vida cheia de lutas, derrotas e vitórias porque é disso que verdadeiros guerreiros são feitos e nós não somos nada mais, nada menos do que pessoas numa luta constante que é o caminho da vida.
Hoje não é o Dia da Mulher. É um dia qualquer. Mas todos os dias quaisquer são a Vida da Mulher.

A minha voz é poesia!
Ou, pelo menos, queria que fosse.
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Amante das letras, da leitura e da escrita e eterna aprendiz de viajante.

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