Até Amanhã, Avó!



Fizeram-me ter pressa de morrer, avó! E para isso não sei se há perdão.
Mas tu fizeste-me acreditar que nos teus olhos cabia o sorriso do mundo. Fizeste-me acreditar que a lua pertence ao céu e que as estrelas pertencem à noite. Ajudaste-me a perceber que há sempre um Amanhã, que depois de um fim de um mundo vem sempre o começo de um outro. Fizeste-me acreditar que o tempo voa mas não tem asas. E eu acreditei, avó! Acreditei e pedi ao tempo que me ensinasse a voar como ele! Mas o pior de tudo foi eu acreditar que tu eras eterna. Eterna aqui. Eterna a falar comigo e eterna a contar histórias! Eu dizia que se fosses embora, a minha vontade de viver ia contigo. E foi! Quando me pediram para te dar aquilo que eu recusei com as lágrimas que ainda me restavam, perdi a vontade de viver! Era o Adeus! E eu não queria oferecer-te essa palavra tão feia, tão má! E não ofereci! Jamais diria algo assim a alguém tão importante para mim! Disse-te então, no silêncio daquele desespero mudo «Até Amanhã, Avó, nunca esqueças a pessoa magnífica que és!». 

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