Até metade do meu 2018, as minhas leituras foram pouco frequentes devido, não só ao pouco tempo que tinha, como também à falta disponibilidade mental e emocional para o fazer. Era estágio, eram relatórios, eram projectos de investigação, era o Curriculum Vitae... enfim, era o fim da Licenciatura e o início da carreira profissional.
Pelo que, mais ou menos por volta de Setembro e Outubro é que comecei realmente a ter espaço no meu coração vermelho de sangue e nos meus olhos verdes de esperança para receber novos livros no meu peito.
Talvez este ano desenvolva esta nova rubrica «Biblioteca», onde dê uma breve opinião dos livros que vou lendo. O que acham?
Vamos ver se lemos os mesmos livros?
Vamos ver se lemos os mesmos livros?
- (1) «A Arte subtil de saber dizer que se f*oda» (não está na fotografia, pois emprestei-o recentemente) foi uma surpresa. Quem olha para o título sem saber do que se trata, deve achar que Mark é um ordinário qualquer que não tem mais nada para fazer na vida. Não é o caso, garanto-vos. Realista e actual, Mark dá-nos um murro no estômago e um pontapé nas costas com um vislumbre daquilo que realmente acontece nos nossos mundos. Chega de paninhos quentes. Há que saber resolver os problemas como gente adulta que se é, sem expectativas demasiado utópicas, mas de acordo com o que as nossas capacidades nos permitem. Não se trata de ser pessimista, mas de perceber a realidade de forma humilde e honesta para poder andar de mãos dadas com ela, com pés bem assentes na terra, cientes das nossas fraquezas e das nossas forças, tentando manter o equilíbrio nas nossas vidas.
- (2) «O Livro de Desassossego» e (3) «Pensar» andavam comigo para um lado e para o outro há já algum tempo (até mesmo antes de 2018, suponho), para ler quando tivesse uns minutos livres, pois não existe nenhum enredo, já que são ambos um conjunto de pequenos textos e reflexões, embora tenham uma progressão lógica. Não posso dizer que são de fácil leitura, como devem imaginar, mas o facto de serem citações mais curtas permitia-me dar mais liberdade à continuação da leitura. Abria o livro quando me apetecia e o tempo me permitia e saboreava o pouquinho que podia, no momento. Apesar disso, por vezes, apanhava temas pesados, como vida, morte, política... um pouco de tudo.
- Rupi Kaur foi uma surpresa agradável para mim no que toca a poesia. Depois de ter lido sobre as suas obras, tive de comprá-las imediatamente pois saberia que seriam leituras enriquecedoras e, também, fugazes. Em primeiro lugar, saltei para o (4) «leite e mel», por saber que eram temas mais delicados que eram abordados, mais negros e difíceis de digerir, para depois me poder deliciar com as meigas e doces palavras de (5) «o sol e as suas flores».
- (6) «A vida interior» foi também uma leitura agradável pelo facto de ter aprendido e interiorizado determinados conceitos relativos ao nosso eu, ao nosso interior, às emoções e aos sentimentos que por vezes não conseguimos definir. Com uma linguagem bastante acessível, qualquer um sem ser da área (Psicologia) consegue perceber e ficar esclarecido com o que se pretende transmitir. Não tenho vergonha de dizer que este ano foi marcado por leituras mais leves e algumas de auto-ajuda. Sinto que precisava de temas menos pesados e sentia necessidade de ler coisas que me alegrassem o dia e fizessem relembrar, sentir e dar valor às coisas boas do quotidiano, o que explica os 3 títulos seguintes.
- (7) «O Livro de Hygge», (8) «O Livro de Lykke» e (9) «Feliz» só vieram dar mais gosto pela vida, especialmente a de Outono e de Inverno. A ideia mais geral com que fiquei no fim destes livros foi que devemos fazer do nosso dia-a-dia, os dias mais felizes das nossas vidas. E faz todo o sentido, sabem? Passamos a vida a trabalhar, mas a desejar que chegue o fim-de-semana, as férias, aquela viagem que marcámos e que supostamente nos vai deixar mais felizes e ricos interiormente (o que certamente é verdade e não invalida nada), mas esquecemo-nos de ser felizes também no resto do tempo. Entramos naquilo a que muitos chamam de Piloto Automático e já nem damos conta daquilo que fazemos: toca o despertador, lavamos os dentes, vestimos a farda, vamos trabalhar, saímos do trabalho, jantamos, tomamos banho e vamos (tentar) dormir. Mas então e os entretantos? A vida é só isto? Uma espera constante pelos dias de descanso para fazermos algo que gostamos, para nos permitirmos ter algum prazer?
- (10) «publicação da mortalidade», a minha estreia com Valter Hugo Mãe. Um sentimento misto em relação a esta leitura. Gostei muito de alguns poemas e não tanto de outros. Apesar de pequeno, levou algum tempo a ler, pois para além de ser poesia, não é assim tão fácil de ler quanto isso. Confesso que acho que não foi uma boa escolha para quem se inicia num autor. Devia ter começado pela prosa. No entanto, é uma obra a guardar, certamente, pela beleza e complexidade nela contidas.
- (11) «Crime e Castigo»... o melhor clássico que já li até hoje. De uma complexidade extrema, mas maravilhosamente construído. Leva-nos a querer defender um assassino, leva-nos a ficar do lado dele. Dois volumes cheios de Psicologia, sem se falar de Psicologia. Para a época, está muito bem desenhado do ponto de vista emocional. A forma como são expostas as ideias, o suceder dos acontecimentos, tudo numa progressão racional, tendo em conta os imprevistos relatados. Demorei algum tempo a digeri-lo, mas fiquei saciada! Uma obra esplendorosa! Diria que continuarei a ler Dostoiévski no futuro. Foi um gosto!
- (12) «O Velho e o Mar», de Hemingway, foi mais uma estreia. Apercebo-me agora mesmo que foi um ano de estreias literárias para mim. Fugi um pouco daquilo a que estava habituada, aos autores portugueses, que mais admiro e gosto de ler, por serem escritos na língua materna e na língua original, sem que sejam necessárias traduções, que nem sempre são fiéis. Estreia agradável esta, que no início parecia aborrecida, fazendo-me lembrar excertos d'Os Maias em que o Eça descrevia o Ramalhete em mil e uma páginas, mas depressa entrei no ritmo e percebi uma possível intenção da obra. Um livro pequeno, com a tradução de Jorge de Sena, mas que nos dá uma grande lição - querer e desejar muito que uma coisa aconteça pode não ser bom. Pedirmos a este mundo e ao outro que alguma coisa aconteça pode trazer frustração porque há sempre variáveis que não podemos controlar e as consequências desse desejo realizado nem sempre são óbvias.
- (13) «Uma Vida Muito Boa» já todos vocês devem conhecer. Basicamente, é o discurso de J. K. Rowling numa formatura de 2008, em Harvard. Gostei tanto de vê-lo online (cliquem AQUI para assistirem ao vídeo) que quis tê-lo comigo em palavras para poder inspirar-me nele de quando em quando.
- (14) «O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá» foi talvez das histórias de amor mais ternurentas que li até hoje. Apesar do seu fim, sinto-me bem por tê-la lido com a idade que tenho, pois a interpretação que faria dela há uns anos atrás seria completamente diferente da que fiz hoje. Aprendemos muito com as histórias escritas para crianças quando as lemos em adultos, sabem? E acho que se as lermos quando tivermos 40 e 50 e 60 anos as interpretações variarião inevitavelmente, devido às experiências de vida que vamos tendo.
- (15) «Comer, Orar e Amar» foi uma autêntica explosão de prazer, reflexão e sentimentos. Elizabeth viaja pelos três I's (Itália, Índia e Indonésia), em busca do seu «I» (Eu, em Inglês). Começando pelo prazer que toda a comida, língua e pronúnica italianas podem proporcionar, Elizabeth liberta-se de alguns pesos na bela cidade de Roma para poder recuperar as suas forças após um divórcio difícil de encerrar e um relacionamento (quase) terminado. De seguida, o objectivo é, na Índia, aprender a meditar, a controlar a sua mente, onde acaba por descobrir que não é a tentar mudar a sua personalidade ou a tentar ser outra pessoa que se sentirá mais feliz e amada, mas sim sendo ela mesma. Por fim, na Indonésia, depois das duas fases anteriores, acaba por encontrar um equilíbrio e estabilidade onde ela achava estar perdida. E como diz o livro, algures, para ter uma vida equilibrada, é preciso ter alguns desequilíbrios em determinadas áreas.
Conhecem alguns destes livros?
O que acharam deles?
Que livros de 2018 levam no vosso coração?Nota: Este blogue é afiliado da Wook. Assim, ao adquirirem obras através dos links disponibilizados, estão a contribuir para o seu crescimento literário. Obrigada! Bem-Vos-Quero 🌼
Boas leituras 🌼
8 Comments
Alguns conhecia, outros nem por isso :)
ResponderEliminarÉ uma excelente ideia, minha querida! Vou adorar ler as tuas palavras ❤
ResponderEliminarDa tua lista, em 2018, li "Comer, Orar, Amar", "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá" e "O sol e as suas flores". Em 2017, li "O livro de Hygge".
Quero muito perder-me em "O Livro de Lykke", "Publicação da Mortalidade", "A arte subtil de saber dizer que se f*da" e "Leite e Mel"
r: Nada que agradecer, minha querida, são totalmente merecidas ❤
ResponderEliminarTive um momento desses no Natal e é, de facto, maravilhoso. A gratidão que se sente por observar toda aquele ambiente de amor não tem descrição possível *-*
Desejo-te o mesmo! Beijo grande
r: Muito, muito obrigada! Não só por esse feedback tão caloroso, mas também por todo o apoio *-*
ResponderEliminarBeijinho grande
Quero muito ler O Livro de Hygge
ResponderEliminarO gato malhado e a Andorinha Sinhá é um livro LINDO, LINDO, LINDO !
ResponderEliminarQuero muito ler o "Leite e mel", já me falaram muito bem dele :D
Da tua lista ainda só li o último mas fiquei muito curiosa com o primeiro.
ResponderEliminarhttps://www.sonhamasrealiza.pt/
Da tua lista ainda não li nenhum mas quero ler os livros da Rupi Kaur adoro a poesia dela e quero muito ler os seus livros. Eu não li muito em 2018 mas acabei de ler "O livreiro de Paris" e "A Equação de um Amor" são os muito bons cada um à sua maneira. Aconselho.
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Obrigada pela tua visita :)