Açores. Tu chegas e sentes que estás no teu país, fora do teu país. Sentes tudo diferente, mas tão estranhamente mais verde, mais sereno, mais calmo. Sentes a tua língua materna, o Português de Portugal, apesar da pronúncia açoriana linda, linda, linda (que me fez apaixonar ainda mais pelo povo doce que habita por ilhas simpáticas) que enriquece a nossa nação e relembra tempos em que fomos verdadeiramente grandes, destemidos, heróis! É impossível passar por São Miguel e não nos derretermos com um nativo.
Tu olhas para uma paisagem e acredita que a tua reacção mais espontânea será sorrir. Respirar aquele ar puro, límpido, fresco e são... e sorrir. Quando deres por ti, estarás em silêncio (mas num silêncio quente, que aconchega, que abraça), a observar todos os detalhes possíveis com os teus olhos mais atentos do que nunca, para conseguires mais tarde recordar e sentir um bocadinho daquilo que agora vives.
Dia 1:
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As famosas Portas da Cidade de Ponta Delgada. |
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Uma Microbiblioteca. Já tinha visto este conceito em fotografias, mas nunca numa cidade. É muito inteligente e cultiva os hábitos de leitura. Adorei e só não experimentei porque a minha estadia foi curta. |
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Se forem aos Açores, provem a Kima de Maracujá. É um produto tradicional de lá e é um sumo de maracujá, um pouquinho doce e muito saboroso. |
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Marina de Ponta Delgada. |
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O Rei dos Queijos, mesmo, mesmo juntinho ao Mercado. Visitem ambos, vale muito a pena. Aqui têm mil e um queijos para os amantes e para os que não gostam tanto. Queijos a sério. Queijos gigantes.
No mercado têm também imensos produtos frescos, sendo de destacar o Ananás. Ananás mesmo!!! Não é abacaxi. O único lugar do mundo onde se produzem ananases como estes é aqui, nos Açores, e demoram cerca de 2 anos até estarem prontinhos para serem servidos nas nossas mesas. O ananás é um fruto muito doce e não tem nada, mas mesmo nada, a ver com o abacaxi. Numa próxima publicação falar-vos-ei das plantações de ananás que visitei.
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Outros locais e experiências que tivémos ainda:
- as lindas e doces plantações de ananás
- a Cratera das Furnas, onde almoçámos o tão famoso Cozido
- a água azeda
- a Fábrica de Cerâmica
- as tão famosas plantações do Chá Gorreana
(Curiosidade: sabiam que só existe chá verde e chá preto? As restantes caixinhas que vemos no supermercado e que vulgarmente chamamos de chá, são na verdade infusões, com aromas diversos!)
- No dia 2, o querido Pedro fez-me o grande favor de parar numa praia para eu poder guardar areia comigo, para trazer para casa - a areia escura, fina e bela dos Açores!
Todas as fotografias foram tiradas por mim e pelo meu irmão, Tomás, na Ilha de São Miguel a 13 de Outubro de 2017. Por favor, não as utilizar sem autorização.
Não consegui deixar de esconder o sorriso de orelha a orelha que me pintava o rosto quando descolei pela primeira vez. Ver as nuvens tão perto, ali, tão juntinhas a mim, fez-me sentir-me viva de uma forma diferente, bem viva.
Na manhã do dia 13 de Outubro, o meu coração palpitava com a alegria de saber que brevemente estaria a aterrar num dos lugares mais bonitos do mundo - os Açores (mais propriamente, a Ilha de São Miguel). Foi uma viagem muito esperada e muito desejada. Fui bem acompanhada e isso fez toda a diferença durante os dias em que estive em Ponta Delgada. Foram dias inesquecíveis!
Agora, cada vez que que vejo um avião, sorrio. Porque já sei o que é estar lá em cima. E lembrar-me-ei sempre dos Açores por ter sido o destino do meu primeiro vôo.
Nos próximos dias, vou contar-vos as pequenas grandes aventuras que vivi neste paraíso tão genuíno e tão querido que me ficou para sempre no coração!
Já conhecem os Açores?
Todas as fotografias foram tiradas por mim. Por favor, não as utilizar sem autorização.
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Eu e o maninho. Praia do Navio, Santa Cruz. Fotografia tirada pela minha mãe. |
O tempo passa por nós. Vamos ficando gastos pelo tempo, mas também vamos ficando maduros, conhecedores do mundo que nos rodeia. Mudamos as nossas prioridades de tempos a tempos e as nossas vontades vão ficando cada vez mais simples e mais bonitas.
Continuamos a sonhar, com os olhos postos no futuro e a brilhar. Lutamos por caminhos diferentes, mas o nosso sorriso continua ali, em casa, para o abraçarmos quando quisermos.
Crescemos juntos. Continuaremos a crescer. Em cidades diferentes, mas juntos.
Já não somos as crianças que berravam uma com a outra.
Sou uma mulher que te vê como o bem mais precioso da minha vida. Que te vê como um bebé que pegava ao colo como um peluche e a quem mudava a fralda como se de um Nenuco se tratasse. Foste a melhor prenda que eu alguma vez poderia receber.
E tu estás a tornar-te num homem, por mais impossível que me possa parecer e por mais que me custe admitir. Cresces num piscar de olhos e eu não acredito nisso! E mesmo quando tiveres quarenta anos, serás para mim o meu amor, o meu mano mais novo, o meu mundo!
Dentro do meu peito, há um pedaço de coração que bate também por ti, todos os dias.
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Dia 18 de Novembro de 2017, em Areínhos, Oliveira do Douro.
Fotografia minha. |
Sente os lugares por onde passas. Não olhes apenas. Caminha. Caminha devagar e sente a terra húmida, molhada, por baixo dos teus sapatos ou descalça-te e corre pela areia da praia. Tira as mãos dos bolsos e deixa-as livres no ar que te envolve. Molha-as na água do rio e do mar. Escuta as gaivotas que voam no horizonte. Guarda essa paisagem dentro de ti, como que uma fotografia. Passa as mãos nos troncos das árvores, na madeira do banco onde te sentas. Senta-te. Sente as bochechas quentes do sol e o nariz arrefecido pela sombra que vai chegando. Sente a brisa do Inverno frio a chegar aos teus cabelos e deixa-os dançar ao som das folhas caídas, castanhas e crepitantes. Abraça quem está contigo. Sente-lhe o peito a bater, forte e quente, e dá-lhe as mãos. Eterniza momentos efémeros como este.
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Fotografia tirada pelo meu irmão. |
Hoje, acordei como nunca tinha acordado antes. Acordei com o chilrear das gaivotas. Desde que cheguei, não me tinha ainda apercebido do quão perto estou do mar. E que bom que foi senti-lo desta forma. A paz e a tranquilidade do mar, mesmo aqui, junto a mim.
(Porto, 2017)
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Fotografia tirada pela minha afilhada de Tuna. |
Deste amor que nasceu meigo e calmo, guardo uma ternura imensa que me preenche todos os dias.
Quando me cai o silêncio da boca, és tu quem me faz voltar a cantar outra vez.
Primeiro, baixinho. Depois, mais alto.
Primeiro, tu sozinho. Depois, nós os dois, numa voz apenas, com dois timbres que se completam nesta nossa melodia pintada com cordas.
O nosso olhar tem ainda uma história pequenina, mas é nele que nos sentimos em casa. É onde não precisamos de mais nada, em que nós nos bastamos um ao outro. Nele espelham os nossos defeitos e as nossas qualidades. Espelha o passado de cada um e o futuro de ambos. Não precisamos de discursos para o sentir. Apenas sentir.