Seria eu para sempre Mar

Fotografia tirada pelo meu irmão. Galiza, 2016.

Mergulhei num mar que não é azul, nem cristalino, mas aconteceu numa praia de ondas perfeitas. Tropecei numa rocha escondida pelos meus olhos e caí na areia fria sem me magoar. Deixei-me ali, deitada, a saborear aquela brisa salgada que me beijava o rosto e me soprava os cabelos, caracóis de avelã pendurados que caíam pelas costas e dançavam ao som do marulhar, a música que o mundo criou para nós. A areia colava-se aos meus braços e às minhas pernas e eu sentia o sal a passar da pele para o sangue. A minha voz voava ao ritmo da minha imaginação e cantava poemas de uma (c)idade inventada e esquecida.
Comecei a ouvir sussurros que não se calavam, vindos do horizonte, e continuavam, continuavam, até se tornarem gritos imperceptíveis que me explodiam a cabeça. Aproximei-me da água para os calar, mas gritavam cada vez mais alto. Desesperada, entrei na água. Dentro do mar, os gritos transformavam-se em cantigas doces e ternas! O mar era o Mar! O mar era o meu lar e seria ali que eu ficaria eternamente, a flutuar na espuma branca das ondas que davam à costa. Tornar-me-ia nas partidas e regressos constantes às arribas da terra da beira-mar. Seria eu para sempre parte do mar! Seria eu para sempre Mar!

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