Mais uma estreia para mim no mundo dos livros em 2019 - Lev Tolstói - que me conquistou rapidamente.
Esta foi uma das obras mais curtas que já li e, no entanto, das mais complexas e mais marcantes.
Ivan Ilitch, personagem principal do enredo, depara-se com uma condição de saúde desconhecida que o deixa à beira do desespero, cada vez mais preocupado com a sua situação de vida.
Visita e consulta vários e prestigiados médicos, em busca de uma resposta e de uma cura, mas vai encontrando cada vez mais dúvidas, de diversa natureza, e uma angústia e melancolia que parecem crescer exponencialmente a cada dia que passa.
Nestes dias cinzentos, que vão escurecendo até chegarem a um negro escuro, escuro, escuro, dá-se assim início a um processo de auto-avaliação e introspecção constante relativamente à (sua) vida e à forma mais correcta de vivê-la, se é que existe (apenas) uma.
Tolstói descreve com uma clareza pura e de forma majestosa as emoções e os sentimentos de Ivan, por vezes contraditórios. Intensamente frio, duro, mas realista. Grandes reflexões que provavelmente todos teremos um dia, caso a morte não nos visite sem nos dar tempo para fazê-lo, embora todo o sofrimento de Ivan dificilmente seja sentido por todos nós.