The Ginger Bookworm

Mais uma estreia para mim no mundo dos livros em 2019 - Lev Tolstói - que me conquistou rapidamente.

Esta foi uma das obras mais curtas que já li e, no entanto, das mais complexas e mais marcantes.

Ivan Ilitch, personagem principal do enredo, depara-se com uma condição de saúde desconhecida que o deixa à beira do desespero, cada vez mais preocupado com a sua situação de vida.

Visita e consulta vários e prestigiados médicos, em busca de uma resposta e de uma cura, mas vai encontrando cada vez mais dúvidas, de diversa natureza, e uma angústia e melancolia que parecem crescer exponencialmente a cada dia que passa.

Nestes dias cinzentos, que vão escurecendo até chegarem a um negro escuro, escuro, escuro, dá-se assim início a um processo de auto-avaliação e introspecção constante relativamente à (sua) vida e à forma mais correcta de vivê-la, se é que existe (apenas) uma.

Tolstói descreve com uma clareza pura e de forma majestosa as emoções e os sentimentos de Ivan, por vezes contraditórios. Intensamente frio, duro, mas realista. Grandes reflexões que provavelmente todos teremos um dia, caso a morte não nos visite sem nos dar tempo para fazê-lo, embora todo o sofrimento de Ivan dificilmente seja sentido por todos nós.

Disponível na Bertrand: Livro / eBook

Disponível na Wook: Livro / eBook

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Ando há já algum tempo à espera da máquina de escrever do meu avô que está na cave, mas o meu pai nunca mais se lembrou. Eu também não quero estar a chateá-lo… de trabalho está ele cheio.
Decidi começar (se tiver oportunidade) a escrever numa máquina daquelas para organizar os meus textos. Tenho um enorme fascínio por aqueles instrumentos e quando vejo um, lembro-me das vidas que não vivi, das páginas que hei- de escrever e das histórias que nascerão naquele berço. Gosto de escrever à mão. É uma mania! Gosto do cheiro do carvão e da tinta. Do papel. E começar a escrever numa máquina daquelas seria um privilégio, já que escritores e poetisas que tanto admiro escreveram em maravilhas como aquela.
Ora, a vontade de escrever bateu-me nos dedos e lembrei-me da relíquia que me espera. Ou que a espero eu! Foi então que comecei a escrever no computador, enquanto a preciosidade não chegava. Não é que já tenha escrito em máquinas de escrever… não é esse o ponto. Onde quero chegar é que a emoção de ouvir o tilintar das teclas e o raspar da folha de papel deve ser totalmente distinta daquela de quando ouvimos as teclas do computador - barulho muito seco, muito áspero, muito distante.
Parece-me a mim que o som das teclas da máquina de escrever é mais vivo. Mais real. Contudo, não significa que tenha razão!
Chamem-me doida, lunática, antiquada, fora de estilo… enfim, o que quiserem e o que conseguirem para definir a pessoa que acham que conhecem de mim. Mas eu não me importo. Sou assim. Há quem goste e quem não goste. Tenho o infinito prazer de conhecer quem gosta. Façam favor de se apresentar os que não gostam – o prazer é todo vosso!

(Escrito em Março de 2013)


Este ano foi a minha estreia com a leitura de escrita humorística. E devo dizer que iniciei com as escolhas certas. Não poderia ter escolhido melhor do que o nosso Ricardo Araújo Pereira.

Desde o seu amor pela Língua Portuguesa à sua admiração pelo (sor)riso, ou antes pelo que acontece ao rosto de uma pessoa quando a consegue fazer rir, o Ricardo conquistou os meus olhos e o meu cérebro pela sua escrita e pela sua sensibilidade, independentemente daquilo que se transparece para o exterior.

Ao contrário do que a malta do Porto lhe diz, que o seu único defeito é ser do Benfica, digo apenas que o seu único defeito é a mesma característica que o faz ser tão bom no que faz. Pelo que nem sei se o deva considerar um defeito. A baixa auto-estima deve ser esse elixir secreto para ter tamanho talento (juntamente com o trabalho que, decerto, existe simultaneamente).

Nestes livros, conseguimos perceber que o Ricardo abomina realmente o Acordo Ortográfico, quem não sabe escrever em Português, entre outras coisas deveras importantes e que, já agora, também eu abomino.

Que fique bem claro que a inclusão dos seus textos em livros escolares aumentará certamente a qualidade de ensino em Portugal. Especialmente porque há certos e determinados verbos com grande utilidade na vida adulta quotidiana - nomeadamente aquele que serve para indicar o caminho a gente que nos mói a mioleira - mas que não se conjugam em salas de aula e, consequentemente, acabam por ser ditos e escritos de uma forma enxovalhada e que fazem comichão no fundo dos pés de puritanos como nós (peço desculpa ao leitor pela perífrase tão longa e pelo pleonasmo acabado de se fazer).

Boas leituras para vós, gente sem juízo nenhum!


  • Disponíveis na Bertrand: Estar Vivo Aleija /  Reaccionário com Dois Cês
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talvez a vida não signifique nada,
mas já valeu a pena viver
por poder ver-te,
oh, mar, oh, sol,
oh, sol no mar.




No coração da nossa linda cidade do Porto, está a Livraria Lello, casa que recebe pessoas de todo o mundo com a mesma paixão - livros.

Antes de partilhar o que o meu coração sentiu, falemos primeiro um pouco sobre o seu passado e sobre os seus pilares.

Esta casa abriu as suas portas em 1881, pelas mãos dos irmãos Lello, José e António, ainda na Rua do Almada.

Mais tarde, em 1906, o negócio acaba por mudar a sua morada, para a Rua das Carmelitas, onde se localizava a Livraria Chardron, comprada pelos Lello, em 1894. É aqui que está o edifício tal como o conhecemos nos dias de hoje. Grande, com uma arquitectura luxuosa e bem trabalhada, invejável para qualquer amante de Livrarias e Bibliotecas.

Em 2015, decidiu-se introduzir um voucher de desconto em livros com o preço do bilhete da entrada, o que acho que foi uma boa forma de chamar ainda mais gente, especialmente os devoradores de livros. É uma óptima ideia e uma estratégia de aumentar o número de visitantes, mas também uma forma de incentivo à leitura.

Há cerca de 3 anos iniciaram-se obras no estabelecimento para manutenção e restauro de algumas áreas.

Para quem tem um lugar no coração dedicado aos livros, sabe que este lugar mágico não pode deixar de ser visitado. Os que já lá entraram dar-me-ão razão, certamente, pois o ar que se respira quando lá se entra é viciante e já não se quer sair. Os que ainda não entraram, façam o favor de um dia, quando pela Invicta passarem, perderem um pedacinho do vosso tempo com esta visita. Garanto-vos que não sairão arrependidos e quererão voltar.

Lá dentro, senti-me em casa, mesmo rodeada de pessoas desconhecidas. O que importava era o estar rodeada de livros, obras magníficas, em vários idiomas, num lugar com um tecto em gesso pintado, mas camuflado de madeira talhada, com fachadas neogóticas e bustos de figuras importantes na Literatura.

Mais uma Livraria a guardar neste meu coração de Bem-Me-Quer 🌼



fui ao mar
ver-me nascer.

vi só meus pés
a chegarem à espuma
e meu coração
ao horizonte.

nada mais vi.
desmaiei e
minha alma sarou.

«O Velho e o Gato», do antigo professor universitário de Psiquiatria, Nils Uddenberg, uma ternura de livro, junta duas histórias numa só.

Nils, já reformado, e a sua esposa são um casal comum que gosta de viajar pelo mundo. Entre muitas e frequentes idas a Estocolmo, aparece, num dos dias de Inverno, um pequeno animalzinho no seu jardim. Afinal, este doce animal era uma gatinha ainda pequena, doce e ternurenta, que aparentemente procurava abrigo, alimento e o carinho e conforto da companhia humana.

Este livro relata as peripécias, a aventura e o processo de aproximação e adopção da pequena Bichana pelo casal. Nils descreve a sua afeição pela gatinha e a forma como a sua vida muda com esta presença doce e amigável. É incrível e maravilhoso tudo o que pode mudar com apenas umas quatro patas nas nossa vidas. Para os amantes de animais, seja de cães, seja de gatos, é uma história que vale a pena ler e que fará derreter os vossos corações, disso vos garanto!

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A vida está encarregue de mudar quem somos.

Passam as horas, passam os dias.

Aparecem novos desafios, novas propostas, novas oportunidades e tudo aquilo que tínhamos até então de alguma forma planeado ou sentido inverte-se completamente e nós... nós sem saber o que fazer. Ficamos baralhados, confusos, com tudo à flor da pele, sem saber o que aceitar, o que decidir, o que sentir e como (re)agir.

Independentemente da idade que tenhamos, há sempre uma parte de nós que não quer acreditar que uma mudança brusca na nossa realidade pode afectar profundamente a nossa personalidade e os nossos planos futuros. Só assim se prova e se vê que na verdade não controlamos (quase) nada.

Tudo pode mudar numa questão  de segundos e nós temos formas de reagir a estes acontecimentos que nos surpreenderão a nós próprios. Coisas que achávamos não conseguir nunca fazer. Como disse Sartre, não controlamos o que nos acontece, mas podemos controlar como reagir ao que nos acontece. É verdade e é aí que se dá um processo de auto-descoberta tremendo e assustador. São decisões com um peso enorme num futuro.

Acabei de tomar uma decisão assim. E tudo mudou. Farei algo que um dia disse que nunca na vida faria.

Menti? Não. As circunstâncias e o contexto mudaram. Eu mudei.

Se me sinto arrependida e culpada por tê-lo dito? Não, porque nessa altura eu não era a mesma Carolina. Nessa altura, eu fui honesta comigo e com o que nessa altura sentia. E o mesmo acontece hoje. Estou a ser honesta comigo e com o que estou a sentir. Significa que mudei, que cresci de alguma forma, que senti na pele que não devemos mesmo tomar por garantido que NUNCA faremos a coisa X ou a coisa Y. Pode acontecer. Tal como acontece a milhares e milhões de pessoas. Nós somos só mais uma a quem a vida está a acontecer.

Nestas alturas, sofremos muito e podemos fazer sofrer os que nos rodeiam, não de forma propositada, obviamente, mas como consequência de determinadas decisões. E saber que isso pode acontecer faz-nos sofrer ainda mais.

Não temos certezas de nada quando nos dias antes tínhamos certezas de tudo.
É uma explosão de ansiedade, de lágrimas e incertezas que parecem eternas e que não nos deixam repousar.

Não nos sentimos bem connosco, nem com ninguém.
A vontade é desaparecer, dormir para sempre.
A vontade é deixar tudo em suspenso, esquecer tudo e fugir para o céu.

bem-me-quer
bailarina em flor
que ao anoitecer
te fechas em cor(o)

As flores, ao abrirem, estão a sorrir.

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