Se é para magoar alguém,
Para que te quero, coração?
Para me levares o sangue
Do peito para o resto do corpo
Enquanto bateres por ti próprio?
Mas e se eu te parar?
Dás-me descanso depois disso?
A verdade do real
É aquela que está nas coisas
A verdade do real
Existe apesar de não a vermos clara
A verdade do real
Está dentro de nós e não sabemos
A verdade do real
É a verdade do real
A culpa não se vai
A culpa não morre
Quem me dera que a culpa se fosse
Quem me dera que a culpa morresse
A culpa agora é minha filha
Porque eu a trouxe para o meu mundo
E eu que nunca quis ter filhos
Tenho agora esta que tento afugentar
Como uma mãe má, má, má
A culpa agora é minha filha
Terror este que é não saber quem sou
Nem saber onde descobri-lo.
Procuro no campo, no mar,
Na cidade, no rio, no pinhal.
Procuro como quem procura
A vida sedentamente
Para sentir nas veias o sangue vivo.
Procuro como quem procura
A morte desesperadamente
Para findar um sofrimento.
Terror este que é não saber quem sou
Nem querer já saber onde descobri-lo.