Anoitecer de Março
Numa tarde de Março, aqui em casa, só a ouvir a Natureza.
Colocar volume no máximo para poder ouvir a vida do início da noite.
Corvos, um pássaro e outro, morcegos. Cães.
A noite a chegar, pé ante pé.
Em resposta ao Projecto da Andreia. Espero que tenham gostado!
Objectiva.
Luz.
A câmara permanecia estática, sem movimento, vibração ou qualquer outro factor que pudesse alterar aquele estado de serenidade, de perfeição na ausência de movimento. Esperava pelos momentos certos, pelos instantes únicos que existem no decorrer do tempo, pelo raio de luz solar que iluminava sublimemente a gota de orvalho cintilante que escorregava da folha verde para o chão, pelo bater compassado das asas de um beija-flor que, tal como o nome permite concluir, voa sobre jardins perfumados, dando beijinhos às princesas do baile primaveril.
Impaciente, a câmara largou um som como um clique e captou uma imagem quase digna de ser chamada perfeita. Nesse instante, toda a essência da (im)possibilidade da futura/passada refeição do camaleão ficara gravada na fotografia. Toda a imagem englobava uma certa complexidade nascida da Natureza, uma esquematização do ecossistema e das interacções entre as espécies. Mas não só o ambiente foi captado. Também a temporalidade da acção permanecera naquela «tela». Não é bem nítida para os que olham apenas. É necessário ver! É aquilo que ajuda algo a ser o que é. Um estado provisório. Está presente em todo o lado, ao mesmo tempo, quase como Deus – omnipresente – mas nunca como ele – Perfeito.
Podemos verificar que o Tempo não é perfeito… por vezes, tem demasiada pressa e comporta-se como uma criança, inclinando-se para o caminho oposto daquele que deveria ser seguido. A pressa traz consigo a imperfeição e, por isso, pedi ao Tempo que tivesse calma, para ser possível a aproximação (embora escassa) à perfeição. E ele, teimoso, insistiu, como sempre, em ter pressa!
Em resposta ao Projecto da Andreia. Espero que tenham gostado!
Luz.
A câmara permanecia estática, sem movimento, vibração ou qualquer outro factor que pudesse alterar aquele estado de serenidade, de perfeição na ausência de movimento. Esperava pelos momentos certos, pelos instantes únicos que existem no decorrer do tempo, pelo raio de luz solar que iluminava sublimemente a gota de orvalho cintilante que escorregava da folha verde para o chão, pelo bater compassado das asas de um beija-flor que, tal como o nome permite concluir, voa sobre jardins perfumados, dando beijinhos às princesas do baile primaveril.
Impaciente, a câmara largou um som como um clique e captou uma imagem quase digna de ser chamada perfeita. Nesse instante, toda a essência da (im)possibilidade da futura/passada refeição do camaleão ficara gravada na fotografia. Toda a imagem englobava uma certa complexidade nascida da Natureza, uma esquematização do ecossistema e das interacções entre as espécies. Mas não só o ambiente foi captado. Também a temporalidade da acção permanecera naquela «tela». Não é bem nítida para os que olham apenas. É necessário ver! É aquilo que ajuda algo a ser o que é. Um estado provisório. Está presente em todo o lado, ao mesmo tempo, quase como Deus – omnipresente – mas nunca como ele – Perfeito.
Podemos verificar que o Tempo não é perfeito… por vezes, tem demasiada pressa e comporta-se como uma criança, inclinando-se para o caminho oposto daquele que deveria ser seguido. A pressa traz consigo a imperfeição e, por isso, pedi ao Tempo que tivesse calma, para ser possível a aproximação (embora escassa) à perfeição. E ele, teimoso, insistiu, como sempre, em ter pressa!
Em resposta ao Projecto da Andreia. Espero que tenham gostado!
Ter que ter
Ter que ter.
Ter que ter força, coragem. Principalmente uns grandes pulmões, porque se vai precisar de respirar fundo para não explodir milhares de vezes. É o ar fresco que se vai ter de conseguir engolir para desfazer aquele nó que há na garganta. É a respiração que se vai ter de controlar quando se estiver prestes a cair. São as lágrimas que se vão ter de esconder lá bem no fundo para conseguir fazer parecer tudo tão bonito com aquele sorriso perfeito. As saudações simpáticas. As vozes interiores caladas no mundo e insuportáveis na cabeça.
Temos que fazer aquele esforço de não nos queixarmos porque estamos cansados, chateados, deprimidos, tristes, sem razões para continuar. Temos de fazê-lo pelos outros.Temos de fazer de conta que tudo corre bem e agir como se tudo estivesse bem. Temos de ir às aulas e, nesta altura do campeonato, se não ouvirmos o que se diz, pelo menos tentar fazer parecer que se ouve alguma coisa e que fica tudo muito bem estruturado nos apontamentos do caderno. Fantástico.
Os exames são aqueles papéis que todos adoramos e veneramos. Adoramos a escola, os nossos resultados e o facto de termos de decidir o nosso futuro naquele mês deixa-nos super felizes. Estou a ficar sem carga irónica. Já não sei que mais sarcasmos e família das ironias posso usar aqui... são tantos que não os consigo contar.
Digo que sim, que é giro, que mal posso esperar para ir para a Universidade, que tenho boas expectativas do que possa acontecer, que hei-de gostar, mais tarde ou mais cedo, do curso que pretendo tirar. Também digo que não quero pensar muito antes dos exames porque nunca se sabe o que pode acontecer, que só o tempo dirá. E respondem que faço bem, que devo continuar determinada, manter a calma durante os exames, que tudo se resolverá, que hei-de obter bons resultados e que conseguirei entrar logo na primeira opção.
Se acredito no que digo? Jamais. Mas digo-lhes aquilo que querem ouvir!
Ter que ter força, coragem. Principalmente uns grandes pulmões, porque se vai precisar de respirar fundo para não explodir milhares de vezes. É o ar fresco que se vai ter de conseguir engolir para desfazer aquele nó que há na garganta. É a respiração que se vai ter de controlar quando se estiver prestes a cair. São as lágrimas que se vão ter de esconder lá bem no fundo para conseguir fazer parecer tudo tão bonito com aquele sorriso perfeito. As saudações simpáticas. As vozes interiores caladas no mundo e insuportáveis na cabeça.
Temos que fazer aquele esforço de não nos queixarmos porque estamos cansados, chateados, deprimidos, tristes, sem razões para continuar. Temos de fazê-lo pelos outros.Temos de fazer de conta que tudo corre bem e agir como se tudo estivesse bem. Temos de ir às aulas e, nesta altura do campeonato, se não ouvirmos o que se diz, pelo menos tentar fazer parecer que se ouve alguma coisa e que fica tudo muito bem estruturado nos apontamentos do caderno. Fantástico.
Os exames são aqueles papéis que todos adoramos e veneramos. Adoramos a escola, os nossos resultados e o facto de termos de decidir o nosso futuro naquele mês deixa-nos super felizes. Estou a ficar sem carga irónica. Já não sei que mais sarcasmos e família das ironias posso usar aqui... são tantos que não os consigo contar.
Digo que sim, que é giro, que mal posso esperar para ir para a Universidade, que tenho boas expectativas do que possa acontecer, que hei-de gostar, mais tarde ou mais cedo, do curso que pretendo tirar. Também digo que não quero pensar muito antes dos exames porque nunca se sabe o que pode acontecer, que só o tempo dirá. E respondem que faço bem, que devo continuar determinada, manter a calma durante os exames, que tudo se resolverá, que hei-de obter bons resultados e que conseguirei entrar logo na primeira opção.
Se acredito no que digo? Jamais. Mas digo-lhes aquilo que querem ouvir!
Se acredito no que dizem? Não sei. Já nem consigo ouvir o que dizem, pelo menos nestes últimos dois dias. Já só vejo livros, números, letras, livros outra vez, lua, sol, chuva, nuvens, escola, livros, livros, números, papel, papel, papel. Já só cheiro café, água, água, água, café, leite, cama, banho, café, café. Já só ouço eu, a minha cabeça, o relógio, o despertador, o duche, toque para entrar, toque para sair, passe de autocarro, chave na porta de casa, quarto a encher-se de eu e de mim, teorias, teoremas, informações adicionais para os exames nacionais, vozes de fundo em salas de aula que falam de tudo e de nada e alterações de programas pelo Ministério que não lembram ao diabo.
Já deveria saber quem sou.
Já deveria saber quem sou.
Parabéns, rapariga alguém! Não consegues definir a tua pessoa. Como conseguirás definir a tua vida?
Em resposta ao Projecto da Andreia.
Este texto foi escrito há 6 anos, na altura dos Exames Nacionais como Prova de Ingresso na Faculdade. Estávamos todos esgotados e a chegar próximo dos limites. Muita pressão e muita ansiedade reinavam naqueles dias.
Em resposta ao Projecto da Andreia.
Este texto foi escrito há 6 anos, na altura dos Exames Nacionais como Prova de Ingresso na Faculdade. Estávamos todos esgotados e a chegar próximo dos limites. Muita pressão e muita ansiedade reinavam naqueles dias.
O que importa realmente é conhecermos várias perspectivas de todos nós, em relação a assuntos variados, mas que, de certa forma, nos tocam a todos. Acho que é cativante «ler pensamentos» de alguém que não conhecemos como achamos que conhecemos e tentar perceber esses pontos de vista.
Existem inúmeras situações do quotidiano dignas de serem contadas e partilhadas. Às vezes, achamos que o mundo devia conhecer determinada pessoa ou determinado acontecimento. E é incrivelmente fascinante ver isto por aqui - «coisas» tão simples, mas que ganham um valor inimaginável quando partilhadas. Detalhes tão perfeitos que não seriam tão perfeitos se os guardássemos só com a nossa pessoa.
A partilha, seja ela de gestos, de palavras, música ou outros gostos, é demasiado importante para ser ignorada. É com a sua ajuda que aprendemos a crescer, a desenvolver a nossa forma de estruturar o pensamento e de sustentar uma opinião.
E é por ter-vos desse lado que faz mais sentido continuar por aqui. É por ter alguém que se interessa em ler, ver, ouvir e sentir o que partilho que tenho um carinho especial pela Blogosfera.
Parabéns, Bem-Me-Quer 🌼
Parabéns, queridos leitores 🌼
Obrigada por tudo!
Bem-Vos-Quero!