Tia Ema



Lembras-me a tua irmã... a minha avó!
És tão grande nesse teu corpo pequeno, a fingir que és a mulher mais forte do mundo. A dizer à terra que estás bem e que não precisas de nada, quando estás mal e precisas de tudo! A perguntar aos teus se precisam de (mais) alguma coisa, como se te ter a ti já não bastasse. Como se não nos chegasse ter alguém como tu no nosso coração! Só precisamos que sejas feliz!
Mesmo quando já não te lembras de mim, eu faço questão de te dar um beijinho nesse rosto cheio de tempo, histórias e memórias e dizer-te outra e outra vez quem sou. E tu dizes «Ai, mas que crescida e que bonita que estás!». E eu sei que, apesar de o dizeres, a tua cabeça não te deixa recordar esta criança que te escreve.
Eu recordo-me de ti assim como recordo a minha avó! Duas irmãs da terra do mar, com almas de ouro, em corpos pequenos, magros e frágeis, berços de duas grandes mulheres, que o tempo tem pressa de me roubar!

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