(A)Mar




Dentro de mim, nas minhas profundezas, vivem mitos, lendas e outras histórias de fantasia! Em Invernos tenebrosos, as minhas ondas rebentam bruscamente devido ao turbilhão de emoções. No Verão, magnífica estação, os meus braços azuis, brancos e espumados banham um manto dourado, compassadamente, em praias cujo marulhar é de tal forma intenso que mesmo em corações de pedra é capaz de penetrar!
    Cá dentro, dentro de mim, há correntes tumultuosas que, muitas vezes, são difíceis de contornar. No entanto, há sempre alguém que consegue abrigar-me das minhas próprias tempestades. Alguém tão doce, tão único e tão bonito de alma!
    Quão perigoso é o mar de alguns! Tão áspero e gélido, capaz de arrepiar almas e enregelar corpos. E, para equilibrar esta realidade, há mares que mais se parecem com rios, tão calmos e serenos!
    O meu mar, aquele que está em mim, é diferente! Por vezes, sonho que nasci como Afrodite, da espuma do mar… após a rebentação de uma onda frágil, as pérolas brancas que dali surgiram, moldaram uma forma humana cheia de vontade de sentir, de amar e de viver. Ainda assim, sinto que algo não me deixa sentir a felicidade eterna: a Saudade. É isso que me impede de deixar o sol pôr-se sem nuvens! Tenho de olhar fixamente para a sua alma e tentar encontrar o seu mar, lá dentro, profundamente escondido. Intangível. Depois, dizer-lhe que é necessário haver mar dentro de cada um de nós para poder amar. E, por fim, pedir-lhe para ser feliz, porque é ao sentir a sua felicidade que nasce um sorriso no meu rosto!
    Dentro de mim há o mar… Dentro de mim há água, espuma, sangue e vida. Há um (a)mar nunca antes sentido.

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