Meu doce,
Não tenhas medo de chorar.
Arranca o que há de dor nesse coração, porque é na dor que aprendemos a ser tristes e ninguém quer ver um coração cinzento e molhado no lugar da felicidade! Mas não podes ter medo de chorar. Não guardes aí dentro o que tem, inevitavelmente, de sair.
Não imaginas o quanto eu queria estar aí, a explicar-te estas coisas e outras tantas sem sentido, só para te ter nos meus braços, enroscadinho no meu colo, com esse cabelo de mel entrelaçado nos meus dedos.
As memórias permanecerão memórias no teu coração. Isso ninguém te poderá tirar! Começarás então a perceber que o mais precioso que tens dentro de ti é aquele novelo de pequenos e grandes momentos que viajam contigo para todo o lado, para sempre.
O tempo dir-te-á que a saudade não desaparece nem atenua, mas o teu modo de ver o mundo vai sendo cada vez mais maduro e percebes que não há nada que possas fazer para combater a inevitabilidade da passagem do tempo. Perceberás que o tempo passa por todos nós, deixando marcas e cicatrizes, mas também construindo histórias bonitas, fazendo com que as vidas das pessoas sejam uma espécie de onda sem fim definido, com altos e baixos, estes também inevitáveis, mas que fazem parte da nossa aprendizagem neste longo caminho.
Não deixes que essa água que não choras te afogue sem te dares conta! Às vezes, precisamos mesmo de a deitar fora para conseguirmos respirar e falar novamente. Deixa os pulmões do mundo soprarem aquela leve e terna brisa que te levanta do chão como se uma pena fosses.
Vai chegar o dia em que também tu serás um anjo a cair da terra para o céu! E nesse dia, eu estarei lá para te dar a mão e sorrir para o tempo, que então não será mais tempo, mas sim uma doce eternidade. Estarei lá para te receber nos meus braços vezes sem fim. Estarei (e estou, embora não consigas perceber) viva. Viva em ti! Viva no teu coração!
Até um dia, meu doce!